paula fernandes
Oi Carlos
Há tanto tempo longee eu já tinha me esquecidode como é gostosoeste come e dorme preguiçosonos dias frios das cidades do sul de Minas.
Cana Verde fica numa montanhaentre Lavras, Perdões e Campo Belo.
No meio das montanhasa cidade é uma ilha.
A casa continuacom o cheiro de comida feitapela vovó Cemicano fogão de lenha,embora hoje isso já sejaquase uma lenda.
Arroz, feijão, bife e tomate.Um prato de torresmoem cima da mesae um copinho de cachaçaesperavam para abrir o apetite.
A casa grande,as portas grandes,as janelas grandes.
Lembranças de uma menina ainda miúda.O tic tac do relógio antigo na paredeconta os segundos.Tic. Tac.No quintal um pé de caféque plantei há muito anos.Duas mangueiras,uma videira,uma figueira,um limoeiro,um pé de laranja,alguns de milho.Muitas flores.O pinheiroque costumávamos enfeitar nos nataiscom estrelas, bolas e luasque fazíamos de papelãonão mais existe.
As galinhas, os patos, os marrecos,os ganços, os porcos e os gatos,assim como as roseirase os pés de pocã também não.
Tudo sustenta o pesodas implacáveis mãos do tempo.
Na parede permanecem vivos os bisas.Vô Lindolfo e Vó Felícia.Vô Francisco Anastásio e sua Maria Mulata.No centro Vó Miracema, Dona Cemica, e Vô Necésio.Minhas raízes portuguesasque vieram fincar raízesaqui nesta terrinha.
Há três, quatro geraçõese eu estaria além mar.
Da varanda posso vero sol se pôr atrás das montanhas de Minase se refletir nas águas da represa de Furnas.
Quando pequena este espetáculocostumava me fascinarpor horas antes, durante e depois.
Neste fim de semaname pareceu diferente.
Lembrei-me entãodas palavras de um amigo ( sabes quem)que diz que muitas coisasnão crescem com a gente.
Coloquei-me de joelhos e, daqui,vi as coisas como há vinte anos,com os olhos de uma criança,como sempre foram.
Este é o presente que o universodeu para minha vó todos os dias,durante quase cem anos...
Ê Minas Gerais, quem te conhece não esquece jamais....
Juliana C.Martins.
é isso moça bonita
fevereiro 2011antoniOCarlos
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