sábado, 30 de abril de 2011

Take Five



FELICIDADE REALISTA 


A princípio, bastaria
ter saúde, dinheiro e amor,
o que já é um pacote louvável,
mas nossos desejos
são ainda mais complexos.

Não basta que a gente
esteja sem febre:
queremos, além de saúde,
ser magérrimos, sarados,
irresistíveis.

Dinheiro?

Não basta termos
para pagar o aluguel,
a comida e o cinema:

queremos a piscina olímpica
e uma temporada num spa
cinco estrelas.


E quanto ao amor?

Ah, o amor...
não basta termos alguém
com quem podemos conversar,
dividir uma pizza
e fazer sexo de vez em quando.

Isso é pensar pequeno:

queremos AMOR,
todinho maiúsculo.

Queremos estar
visceralmente apaixonados,
queremos ser surpreendidos
por declarações
e presentes inesperados,
queremos jantar à luz de velas
de segunda a domingo,
queremos sexo selvagem
e diário,
queremos ser felizes assim
e não de outro jeito.


É o que dá ver tanta televisão.

Simplesmente esquecemos
de tentar ser felizes
de uma forma mais realista.

Ter um parceiro constante,
pode ou não, ser
sinônimo de felicidade.

Você pode ser feliz solteiro,
feliz com uns romances ocasionais,
feliz com um parceiro,
feliz sem nenhum.

Não existe amor minúsculo,
principalmente quando se trata
de amor-próprio.


Dinheiro é uma benção.

Quem tem, precisa aproveitá-lo,
gastá-lo,usufruí-lo.

Não perder tempo juntando,
juntando, juntando.

Apenas o suficiente
para se sentir seguro,
mas não aprisionado.

E se a gente tem pouco,
é com este pouco que vai tentar
segurar a onda,
buscando coisas
que saiam de graça,
como um pouco de humor,
um pouco de fé
e um pouco de criatividade.


Ser feliz de uma forma realista
é fazer o possível
e aceitar o improvável.

Fazer exercícios
sem almejar passarelas,
trabalhar sem almejar
o estrelato, amar
sem almejar o eterno.

Olhe para o relógio:
hora de acordar.

É importante pensar-se ao extremo,
buscar lá dentro
o que nos mobiliza,
instiga e conduz
mas sem exigir-se
desumanamente.


A vida não é um jogo
onde só quem testa seus limites
é que leva o prêmio.

Não sejamos vítimas ingênuas
desta tal competitividade.

Se a meta está alta demais, reduza-a.

Se você não está de acordo com as regras,
demita-se.

Invente seu próprio jogo.

Faça o que for necessário
para ser feliz.

Mas não se esqueça
que a felicidade
é um sentimento simples,
você pode encontrá-la
e deixá-la ir embora
por não perceber
sua simplicidade.

Ela transmite paz
e não sentimentos fortes,
que nos atormenta
e provoca inquietude
no nosso coração.

Isso pode ser alegria,
paixão, entusiasmo,

mas não felicidade.


Mário Quintana

2011
antoniOCarlos

sexta-feira, 29 de abril de 2011

O Tom do Amor




Não tenho vocação para a saudade
é o agora que amo
em cada gesto em cada cheiro
em cada cor em cada choro.
É o brilho das coisas
e a neblina
o claro e o escuro
da condensada noite,
e a fluidez da manhã
acordada sozinha.

É o mistério das coisas que contemplo
olhos para o futuro que trago comigo
desde que nasci.

condensada noite,
e a fluidez da manhã
acordada sozinha.
É o mistério das coisas que contemplo
olhos para o futuro que trago comigo
desde que nasci.


Angela Leite




e é isso


beijos




AntoniOCarloS
2o11

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Sonhos




...

Eu vinha de comprar fósforos
e uns olhos de mulher feita
olhos de menos idade que a sua
não deixavam acender-me o cigarro.


Eu era eureka para aqueles olhos.


Entre mim e ela passava gente como se não passasse
e ela não podia ficar parada
nem eu vê-la sumir-se.


Retive a sua silhueta
para não perder-me daqueles olhos 

que me levavam espetado

E eu tenho visto olhos !


Mas nenhuns que me vissem
nenhuns para quem 

eu fosse um achado existir
para quem eu lhes acertasse 

lá na sua ideia
olhos como agulhas de despertar
como íman de atrair-me vivo
olhos para mim!


Quando havia mais luz
a luz tornava-me quase real o seu corpo
e apagavam-se-me os seus olhos
o mistério suspenso por um cabelo
pelo hábito deste real injusto
tinha de pôr mais distância entre ela e mim
para acender outra vez aqueles olhos
que talvez não fossem como eu os vi
e ainda que o não fossem, que importa?


Vi o mistério!


Obrigado a ti mulher que não conheço.





ALMADA NEGREIROS (1893 - 1970)


e é isso
não tem desespero não


beijo


aNTONIocARLos
2o11

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Skin To Skin




Não quero cantar amores,
Amores são passos perdidos,
São frios raios solares,
Verdes garras dos sentidos.

São cavalos corredores
Com asas de ferro e chumbo,
Caídos nas águas fundas,
não quero cantar amores.

Paraísos proibidos,
Contentamentos injustos,
Feliz adversidade,
Amores são passos perdidos.

São demências dos olhares,
Alegre festa de pranto,
São furor obediente,
São frios raios solares.

Da má sorte defendidos
Os homens de bom juízo
Têm nas mãos prodigiosas
Verdes garras dos sentidos.

Não quero cantar amores
Nem falar dos seus motivos.


AUGUSTINA BESSA LUÍS





e é isso?


beijos

terça-feira, 26 de abril de 2011

A Whiter Shade of Pale





Um silêncio, um olhar uma palavra:
Nasceste assim na minha vida,
Inesperada flor de aroma denso
Tão casual e breve...
Jé te visionara no meu sonho,
Imagem de segredo esparsa ao vento
Da noite rubra, delicada, intacta.
E pressentira teu hálito na sombra
Que minhas mãos desenham, inquietas.
Existias em mim... O teu olhar
Onde cintila, pura, a madrugada,
Guardara-o no meu peito, ó invisivel,
Flutuante apelo das raízes
Que teimam em prender-te, minha vida!



Augusto Peixoto


e é isso
só isso
nada mais



segunda-feira, 25 de abril de 2011

Fei Ni Mu Shu






As palavras verdes só são azedas se
amadurecidas na página
entregues a uma branca corrosão                                                      
do tempo
vamos por isso
ceder à impaciência e
provar na primavera
o amargo do fruto em flor
que vale mais
esta palavra verde ainda
do que qualquer sinónimo,

meu amor

José Pedro Costa


e é isso meu amor
neste ahh bril
nesta segunda de frio

1/2 beijo sabor chocolate quente com canela

aNTONIocARLos
2o11


Sê paciente, espera
que a palavra amadureça
e se desprenda como um fruto
ao passar o vento que a mereça

Eugénio de Andrade

sábado, 23 de abril de 2011

La Maza





Escrevi o teu nome em todos os lugares
procurei-te sem fim nos dias mais incertos
tive sede de ti na solidão dos bares
e fome do teu corpo em todos os desertos.


Fui soldado e lutei em busca do teu rosto
que vi impresso a fogo em todas as esquinas.
Deixei que me queimasse a dor do sol de Agosto
e mergulhei sem medo em plagas submarinas.


Para te ter venci as longas avenidas
de todas as cidades que ninguém ousou.


E por ti viverei largos anos de vida
na ânsia de te dar tudo o que tenho e sou.


Torquato da Luz



E na ânsia de te dar tudo o que tenho e sou
é que sonho teu corpo pelos descaminhos por onde vou...


aNTONIocARLos
2o11
ahhhBRIL

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Tá no forno!

Postas de bacalhau ( grossas ), com batatas, mandioquinha ( batata barôa ), cenoura, cebola, alho, pimentão amarelo e vermelho picados, alcaparras, azeitonas pretas ( muitas ) , tomates, ovos cozidos, muito azeite de oliva, tudo coberto com molho branco incrementado com queijo permesão ralado


Para entrada : Salada de Rúcula


Acompanha : Arroz ao funghi seco 


Só falta você!
Vens???

You don't know what love is




--------------------------------------------------------------------------------

Na Palma da Mão


--------------------------------------------------------------------------------


Não tenho vocação para a saudade
é o agora que amo
em cada gesto em cada cheiro
em cada cor em cada choro.
É o brilho das coisas
e a neblina
o claro e o escuro
da condensada noite,
e a fluidez da manhã
acordada sozinha.


É o mistério das coisas que contemplo
olhos para o futuro que trago comigo
desde que nasci.


Condensada noite,
e a fluidez da manhã
acordada sozinha.


É o mistério das coisas que contemplo
olhos para o futuro que trago comigo
desde que nasci.


Angela Leite




e é isso
na fluidez de toda manhã


1/2 beijo moça bonita
e sofrida


aNTONIocARLos
ahhhhh bril
2011


quinta-feira, 21 de abril de 2011

Tupelo Honey






"Ah, fumarás demais,
beberás em excesso,
aborrecerás
todas as amigas
com tuas histórias desesperadas,
noites e noites a fio
permanecerás insone,
a fantasia desenfreada
e o sexo em brasa,
dormirás dias adentro,
noites afora,
faltarás ao trabalho,
escreverás cartas
que não serão nunca
enviadas,
consultarás búzios,
números,
cartas e astros,
pensarás em fugas
e suicídios
em cada minuto
de cada novo dia,
chorarás desamparada
atravessando madrugadas
em tua cama vazia,
não consegurás sorrir
nem caminhar
alheia pelas ruas
sem descobrires
em algum jeito alheio
o jeito exato dele,
em algum cheiro estranho
o cheiro preciso dele."


Caio Fernando Abreu,
in Morangos Mofados

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~



2011



e é assim
ah bril
não é?


1/2 beijo sabor estranho
e um abraço de um jeito bem alheio


antoniocarlos

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Are You Lonesome Tonight?





CORAÇÃO POLAR




Não sei bem de que cor são os navios
quando naufragam
no meio dos teus braços
sei que há um corpo
nunca encontrado algures no mar
e que esse corpo vivo
é o teu corpo imaterial
a tua promessa
nos mastros de todos os veleiros
a ilha perfumada das tuas pernas
o teu ventre de conchas e corais
a gruta onde me esperas
com teus lábios de espuma e de salsugem


Os teus náufragos
e a grande equação do vento e da viagem
onde o acaso floresce com seus espelhos
seus indícios de rosa e descoberta.


Não sei de cor é essa linha
onde se cruza a lua e a mastreação
mas sei que em cada rua há uma esquina
uma abertura entre a rotina e a maravilha
há uma hora de fogo para o azul
a hora em que te encontro
e não te encontro
há um ângulo ao contrário
uma geometria mágica
onde tudo pode ser possível
há um mar imaginário
aberto em cada página
não me venham dizer que nunca mais
as rotas nascem do desejo
e eu quero o cruzeiro do sul das tuas mãos
quero o teu nome escrito nas marés
nesta cidade onde no sítio mais absurdo
num sentido proibido ou num semáforo
todos os poentes me dizem
quem tu és.

in «Senhora das Tempestades»,
Dom Quixote,
Lisboa, 1998

terça-feira, 19 de abril de 2011

Habanera




Às vezes...




"Deus costuma usar
a solidão
para nos ensinar
sobre a convivência.


Às vezes, usa a raiva
para que possamos
compreender o infinito valor
da paz.


Outras vezes usa o tédio,
quando quer nos mostrar a importância
da ventura e do abandono.


Deus costuma usar o silêncio
para nos ensinar
sobre a responsabilidade
do que dizemos.


Às vezes usa o cansaço,
para que possamos compreender
o valor do despertar.


Outras vezes usa doença,
quando quer nos mostrar
a importância da saúde.


Deus costuma usar o fogo,
para nos ensinar
a andar sobre a água.


Às vezes, usa a terra,
para que possamos
compreender o valor do ar.


Outras vezes usa a morte,
quando quer nos mostrar
a importância da vida.




( Fernando Pessoa )




outras vezes
usa a saudade
quando quer nos mostrar
o quanto gostamos de alguém


...


e é isso!
moça dos olhos faiscantes!








AntonioCarlos
2o11

segunda-feira, 18 de abril de 2011

10.000

Quase 10.000 visitas...

Obrigado!

Dreamer





A mulher amada
tinha cabelos longos
que desciam pela vertente dos ombros;
escorriam rápidos a tortuosos
até a ponta dos seios
e se espalhavam ao redor da ansiedade.


Estes eram os cabelos da mulher amada.


Eles ficavam volumosos,
quando se enchiam de amor,
e caíam como uma ducha
sobre os corpos cansados.


Mas onde está a mulher amada?


Para onde a levaram?
E porque a esconderam de mim?


Eu a tinha visto
com os seios nus
e os olhos tão ferozes
quanto os de uma loba no cio.


As unhas eram longas,
como se ela quisesse dilacerar alguém,
mas o púbis, deliciosamente acarinhado,
se umedecia de compaixão.


Mas para onde levaram a mulher amada?


Para que tipo de vida,
mais apaixonante do que a minha,
a levaram?


E porque a levaram?


As minhas horas estão vazias
como as noites solitárias
num quarto de dormir.


Elas parecem as mesmas
mas o homem não é mais o mesmo.


Ele é apenas
a janela do quarto
aberta para um pátio
onde a lua brilha
para seus olhos fechados.


Nada mais.


e é isso
neste abril
de olhos fechados
e nada mais




1/2 beijo


aNTONIocARLos

sábado, 16 de abril de 2011

Rolling In The Deep






Não consigo parar de pensar...
É impossível esquecer !!!
Você mora em mim.
Mesmo se eu quisesse,
Não poderia.
Você mora em mim.
Fatalmente,
Não teria como te expulsar.
Porque um dia,
Você invadiu meu corpo,
Acomodou-se nele inteiro,
E fez-se donatário de mim.
Agora, não consigo esquecer você.
Quero acreditar que seja um sonho...
Ou seria fantasia, fascínio, paixão,
Loucura talvez...?!
Não sei.Tudo que sei, é que você mora em mim.
Como eu queria esquecer você !...
Se pelo menos, eu pudesse esquecer
O seu olhar que me molha,
O calor da sua boca,
O conforto do seu corpo,
Suas mãos múltiplas,
O seu jeito de falar,
Sua voz...
Ah...! Essa voz a chamar-me de "Paixão"...
E esse sorriso lindo...?
É impossível esquecer!!!
  Por Deus...
Se me tomasse o corpo, a morte...
Bem que eu gostaria .
Talvez, assim,
Eu pudesse esquecer desse imenso amor
Que me consome,
Tortura,
Machuca,
Corrompe,
Corrói.
Me faz doer as entranhas...
É cruel viver essa realidade !
Você é o meu eterno companheiro,
Mas, mesmo assim,
Eu sou só...
Só melancolia,
Tristeza,
Solidão...
Pois, não tenho você.
E sem você,
Não percebo as cores,
Não sinto o calor do sol,
O perfume das flores,
O brilho da lua,
O cheiro da chuva , do mar...
Sem você,
A minha vida não tem sentido,
Não tem horizontes.
Sem você,
Parece inútil viver


Possuis aquele algo
Que cega, corrói
Destrói, magoa
Excita, enlouquece
Misto de peste lenta
Que nos consome


Chamas  paixão !