VIAGEM
Parti
Num comboio
chamado desejo
da estação
vulgaridade
no dia
tantos de tal.
Gastei
da vida real
para comprar
o bilhete
e o sonho
(paguei-lhe o frete)
tratou-me
do passaporte.
Desde que parti
que me vejo
à janela
da imaginação
do comboio
que me leva
à morte
acenando
de lenço
na mão
com saudade
a cada pessoa vulgar
que vejo ficar
na estação banalidade
de onde
um dia parti.
E se acaso
desci
num apeadeiro
qualquer
para beber
uma esperança
de esquecer a partida
(bebi apoiada
ao balcão,
mesmo de pé)
paguei sempre
a bebida
com uma
desilusão
e um cansaço
mortal
daquela gente
banal
que enchia o café.
E cada vez
que mudava
a paisagem lá fora
(o despertar da aurora
ou estrelas a nascer)
eu esquecia-me
e olhava
cada cara
que passava
com dó
até que me acordava
essa sede
de beber
uma esperança,
uma bebida,
de um dia
ficar esquecida
num apeadeiro
qualquer
em que
o comboio parou.
E vinha outra vez
a partida
daquela mediocridade
de onde
um dia parti
só.
É sempre assim
que me vejo
num comboio
chamado desejo
acenando
com saudade
a cada pessoa vulgar
que vejo ficar
do lado de lá
da vidraça,
olhando
de má vontade
o comboio
que passa ...
MARIA DO CARMO ABECASSIS in «EM VEZ DE ASAS TENHO BRAÇOS»
então Moça Bonita
do fundo do
meu
coração
quatro letras
quatro facas
antoniOCarlos
Este viaje de hoy, se me está complicando un poquito...
ResponderExcluirhay muchas palabras que desconozco...
Generalmente lo que no entiendo, procuro abordarlo desde el sentido de sus frases, pero a veces tampoco lo consigo con éxito rotundo...rsS!
Lo que si te confieso, con una mano en el corazón, es que a nivel intuitivo, este poema no me transmite buenas vibraciones...
disculpá mi sinceridad...rsS!
Tony, yo tengo brazos y tengo assas...rsS!
Están a entera disposición! É só chamar...rsS!
Ahh! La canción es melodiosa, pero tristona...se siente de brazos caídos, tadinha! rsS!
Aleteando por aquí y por allí...encontré otro par de brazos...por lo menos estos, tienen una actitud más positiva... están evaluando la posibilidad de ser convertirlos en asas...rsS!
ResponderExcluirToda metamorfosis comienza con un primer paso...un primer aleteo...una primera brazada...rsS!
Vamos lá!
EM VEZ DOS BRAÇOS QUE TENHO
Se eu tivesse duas asas
Em vez dos braços que tenho
Há muito tinha partido
A voar pelos céus, além
A procurar sem destino
Não sei o quê
Nem a quem
Mas não teria hesitado
De fugir num desatino
Sem me importar com ninguém.
Se eu tivesse duas asas
Em vez dos braços que tenho
Rompia trilhos e actos
Era livre num momento
E nem sequer tinha pena
De deixar o que não faço
E é feito por desagravo
Na voz do meu pensamento.
Se eu tivesse duas asas
Em vez dos braços que tenho
Quebrava todos os laços
Da palavra feita e oca
E rebentava em farrapos
O manto com que me cinjo
No tempo em que me desfaço
À espera de coisa pouca.
Soledade Martinho Costa
Do livro “Reduto”