quinta-feira, 22 de abril de 2010

SAUDADE





Saudades...


Trancar o dedo numa porta dói.

Bater com o queixo no chão dói.

Torcer o tornozelo dói.

Um tapa,
um soco,
um pontapé,
doem.

Dói bater a cabeça
na quina da mesa,
dói morder a língua,
dói cólica,
cárie e pedra no rim.

Mas o que mais dói
é a saudade.

Saudade
de um irmão que mora longe.

Saudade
de uma cachoeira da infância.

Saudade
do gosto de uma fruta
que não se encontra mais.

Saudade do pai que morreu,
do amigo imaginário
que nunca existiu.

Saudade
de uma cidade.

Saudade
da gente mesmo,
que o tempo não perdoa.

Doem essas saudades todas.

Mas a saudade mais dolorida
é a saudade de quem se ama.

Saudade da pele,
do cheiro,
dos beijos.

Saudade da presença,
e até da ausência consentida.

Você podia ficar na sala
e ela no quarto,
sem se verem,
mas sabiam-se lá.

Você podia ir para o dentista
e ela para a faculdade,
mas sabiam-se onde.

Você podia ficar o dia sem vê-la,
ela o dia sem vê-lo,
mas sabiam-se amanhã.

Contudo,
quando o amor de um acaba,
ou torna-se menor,
ao outro sobra uma saudade
que ninguém sabe como deter.

Saudade
é basicamente não saber.

Não saber mais
se ela continua fungando
num ambiente mais frio.

Não saber
se ele continua
sem fazer a barba
por causa daquela alergia.

Não saber
se ela ainda usa aquela saia.

Não saber
se ele foi na consulta
com o dermatologista
como prometeu.

Não saber
se ela tem comido bem
por causa daquela mania
de estar sempre ocupada,
se ele tem assistido
as aulas de inglês,

Se aprendeu
a entrar na Internet
e encontrar
a página do Diário Oficial,

Se ela
aprendeu a estacionar
entre dois carros,

Se ele
continua preferindo
Malzbier,

Se ela
continua preferindo suco,

Se ele
continua sorrindo
com aqueles olhinhos apertados,

Se ela
continua dançando
daquele jeitinho
enlouquecedor,

Se ele
continua
cantando tão bem,

Se ela
continua detestando
o Mac Donald's,

Se ele
continua amando,

Se ela continua
a chorar até nas comédias.

Saudade é não saber mesmo!

Não saber
o que fazer com os dias
que ficaram mais compridos,

Não saber
como encontrar tarefas
que lhe cessem o pensamento,

Não saber
como frear as lágrimas
diante de uma música,

Não saber
como vencer a dor
de um silêncio
que nada preenche.

Saudade é não querer saber
se ela está com outro,
e ao mesmo tempo querer.

É não saber se ele está feliz,
e ao mesmo tempo
perguntar a todos os amigos por isso...

É não querer saber
se ele está mais magro,
se ela está mais bela.

Saudade é nunca mais saber
de quem se ama,
e ainda assim doer.

by Miguel Falabella


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Saudade Moça Bonita
é isso que senti
enquanto estive postando
este texto.

E o que você,
provavelmente,

está sentindo agora

depois que acabou de ler...

Não é?


1/2 beijo saudoso
neste abril
chuvoso

aNTONIocARLos
2o1o
e dói mais,
quando a saudade
é quem se lembra de você
em mim
ah! batom carmim!!!

Música : Memória da Pele - João Bosco

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Um mimo : Linda Flor - João & Bebel Gilberto


Além de ser uma bela composição, “Linda Flor” entrou para a história da música popular brasileira como o primeiro samba-canção a fazer sucesso.

Linda flor
(samba-canção, 1929) – Henrique Vogeler, Luiz Peixoto e Marques Porto

Ai Ioiô,
eu nasci pra sofrer
Fui oiá prá você
Meus oinho fechô

E quando os oio eu abri
Quis gritá quis fugí

Mas você
não sei porque,
você me chamou

Ai, Ioiô,
tenha pena de mim
Meu Senhor do Bonfim
pode inté se zangar

Se Ele um dia
souber
Que você é que é,
o Ioiô de Iaiá

Chorei toda noite
pensei
Nos beijos de amor
que eu te dei

Ioiô meu benzinho
do meu coração
Me leva prá casa
me deixa mais não

Chorei toda noite
pensei
Nos beijos de amor
que eu te dei

Ioiô
meu benzinho
Do meu coração
Me leva prá casa
me deixa mais não

Um comentário:

  1. Tony querido...
    Hoy es un día en el que realmente no sé que escribir...ni que escribirte...una rareza en mí, né? rsS!
    Hoy te siento especialmente nostálgico, con el corazón más apretadito de lo acostumbrado...
    repito, hace tiempo que te recluís y te aislás a causa de esta saudade...la jardinera y tu página de vida orkuteana dan fe...
    No quiero caer en el lugar común, en estas circunstancias...cuando movidos por las mejores intenciones, por los sentimientos que nos unen, por el deseo de servir de consuelo, de afago...
    le damos a quien queremos, mil consejos para superar esa sensación tan indescriptible como lo es la de sentir la falta, la presencia de ese alguien tan especial...
    Simplemente me anima la prudencia, ya que desconozco la historia de esta saudade...y de sus portagonistas, sólo te conozco a vos querido...de tu moça sólo conozco el batóm carmín, al que hacés referencia siempre que al escribir asoma su recuerdo...y duele!!
    También sé que tu moça a veces huye de vos...y otras te adeuda poemas...
    Ahh! Y que todas tus canciones son para ella...
    Nada más...y nada menos...
    Motivo por el cual seré cauta, pero no sin antes dejarte mi abrazo amoroso!
    Y también una luz de esperanza para tu precioso corazón...porque también sé que si escribís

    Saudade Moça Bonita
    é isso que senti
    enquanto estive postando
    este texto.

    E o que você,
    provavelmente,

    está sentindo agora

    depois que acabou de ler...

    Não é?

    Es porque estás seguro de que ella visita la jardinera...quizá los dos conozcan los motivos por los cuales ella no escribe...
    pero sin duda lee y se apodera de todo lo que le dedicás con tierna pasión...
    quizá también te deje su beso carmín...supongo que no se trata de una metáfora, sin duda será el color de su lápiz labial...
    Quizá también al pasar por aquí, ella te deje su beso carmín en energía, como una intensa flor de amor...

    Que estés bien queridísimo! Sólo eso!!
    Abrazote apretaaaaaaaaaaaaaaaaado...así de grande...y así de mucho!!!

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