tentei roubar a alma.
Congelar o temerário gesto
que pede uma trégua
na tarefa de ser homem.
Do palhaço
quis a inspiração
do riso mágico
da imperfeição.
Deste ofício
de homenagem ao ridículo,
de ensaio no erro,
exercício do tropeço,
quis conhecer a rotina.
Visitei palco e oficina
deste palhaço que insiste
na exaltação do feio,
na inquietação do débil,
sujo, sem futuro.
Do clown
quis aprender a arte
de aceitar a pior parte.
Negação de reis e rainhas,
ao bufão restam migalhas
dos bolos,
das mulheres,
das medalhas.
Resta forca ou calabouço.
Crime lesa-sociedade :
Esta leviandade
de revelar a face dos cavaleiros,
honrados e esgotados
por uma moral patética.
Poética,
a moral dos palhaços.
Sem princípios ou finalidades.
Cabeças sacrificadas em nome
da cômica verdade :
Todos nós bufões enrustidos,
sufocados pelo desejo
de ser Deus.
Anjo caído,
o palhaço não aspira
à imortalidade.
Vive na dualidade :
mais erros que acertos,
mais feios que bonitos,
mais a alegria do risco,
que a tristeza da conquista.
Tentei aprender o chiste
que permite uma trégua
na tarefa de ser forte.
Mil e duas noites,
andei a contar-me estórias
de anti-heróis.
Perdi oportunidades,
mas ganhei a alforria
das coisas em desuso.
Jogada no encanto
das impossibilidades.
E ao sono pós-melodias
acrescentei novos terrores :
Medo de ser perfumada,
bonitinha e ordinária.
O jeito e a prosa da corte
para ser aceita,
direita...
Quiçá perfeita.
Para quem?
Pára-quedas.
by carla mourão
e é isso
chega de fingir
chega de mentir
pode me abraçar sem medo
quero tuas asas para voar
bem prá dentro dos teus segredos
longe
lá no fundo
do mais bonito
de ti
1/2 beijo sabor céu de brigadeiro
antoniOCarlos
Música : Final Feliz - Alexandre Pires & Caetano Veloso
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