O meu, fizeram-no de carne, e sangra todo dia.
José Saramago
...ECO
...ECO
Num espelho,
onde sigo a água às cegas,
descubro em linhas
adormecidas,
a mascara das lágrimas.
Escrevo contos tristes
suspensos na morte
das borboletas.
Rostos separam as linhas
onde a sombra desenha paisagens
de olhos tristes
Tão tristes!
Cheiros invadem-me a tarde,
penso em ti
e com o coração
perto das ervas,
sorvo o mosto
da terra molhada,
num herbário
rendido ao tempo,
onde as borboletas
regressam devagar.
a chuva,
sentada num sofá
da cor da tristeza,
lê uma comédia escura,
onde te perdes no ontem.
Será o fim da Moça Bonita?
E na ausência do céu,
palavras fechadas
nas cores primarias
formam trípticos,
ao sul de historias assim.
E as borboletas voavam
com o dorso cheio de sombras
e a cor íngreme
era invadida
pela claridade adocicada
onde queimo os olhos.
E todos os dias,
a linguagem do sonho
era uma história noturna
onde o corpo
meu corpo
se transformava
na gramática da distância
dramática.
Era tudo novo,
entravas pelo sono
desenfreada
e envolvias-me em telas
onde o sol se inclinava
e a sombra queimava.
O meu corpo era atravessado
pelo perfume
das noites sobre noites
pelo teu cheiro
no meu corpo sob açoites
Tudo isto se abre
no espelho onde a água
tem horas imóveis,
o tempo é polido
pela oscilação das vozes.
Devagar atravesso-o,
guiado pelo delírio
das borboletas,
em pigmentos rubros,
onde pergunto pela cor
da queda das vozes.
Silêncio!
Onde a morte das borboletas
deixou impressões
em paisagens
onde nada existe.
Para onde me arrastas?
Tenho borboletas na boca
e digo palavras
perdidas ao espelho.
E na vertigem do reflexo
abraço-me aos sons
que palpitam puros
na paisagem com eco
vazio de você.
Mas junho
é assim
e eu penso
em ti
como uma miragem
fonte de águas
cristalinas
neste deserto
desta sede
de FELICIDADE
contigo...
Pode abrir a janela...
moça tão bonita
deixa o Sol entrar
AntonioCarlos
2o1o
Música : Noites com sol - Flavio Venturine
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