domingo, 31 de outubro de 2010

Ribbon In The Sky


Stevie Wonder



Lamento

o lamento de lamentar
o que não se pode dar
o desespero de sentir
do peito o coração se despir

a lembrança ainda criança
a esperança talvez lembrança
vivendo o novo dia
como há muito não fazia

tudo é emoção
tudo é sensação
sentindo a dor
se desfazendo em amor

mas, sempre existe o mas,
condicionando a se aceitar
quando tudo que se quer
é somente se dar

mas o dar pode não ser o bastante
tênue como uma brisa
incontrolável como o mar
quanto mais perto se chega
mais longe ele está

outro amanhã vira
novas emoções outras sensações
e talvez o ontem, que muito prometia
seja o amanhã, que hoje se desvia.

 Dibruck



e é assim
sempre
não é?
e esta música
me faz lembrar você
moça bonita
voando junto comigo
somos duas gaivotas
asas abertas
sobre o mar revolto
lá embaixo
brancas espumas
salpicam de neve
as pedras
brisa suave
alimenta nosso voô
em direção ao por do sol
sempre
sempre
sempre


1/2beijo

antoniOCarlos

sábado, 30 de outubro de 2010

For Once In My Life


Tony Bennett & Stevie Wonder

Saber Amar... 


Não está disposto
na lei da vida
que duas pessoas
que se amam,
sabem amar.

Que uma delas não saiba,
e olha a relação
rolando pela ribanceira !

O normal
é as duas não saberem.

O raro é as duas saberem,
escassos exemplos de relação
em que a maturidade
não interfere na intensidade.

O habitual
é uma saber e agüentar
o rojão pela outra.

Amar quase sempre
atrapalha
a sabedoria do amor.

Porque amar
é um sentimento
de necessidade
nem sempre atendidas
de carência compensada,
doação exercida
ou entrega salvadora.

E isso é intenso demais
para coabitar
com a sabedoria do amor.

Saber amar!

Quanta gente prefere viver
com alguém que sabe amar,
mesmo que não o ame!

Quanto amor
pode brotar da relação
com quem sabe amar!

Quem sabe amar,
pode até realizar o milagre
de acabar recebendo
o amor de quem não o ama,
ou ama e não sabe,
porque quem sabe amar
conhece a linguagem sutil
do que está adormecido no outro,
em estado
de conto de fadas,
carência,
infância,
flor
ou adivinhação.

Sabe amar
quem sabe o outro
sem deixar de ser
quem é.

Saber amar
e conhecer o amor
como forma de arte.

O amor é apenas
um sentimento.

Mas saber amar
é uma criação,
uma estética do amor.

Saber amar
tanto é a flor
na hora certa,
o presente
fora de hora
ou a compreensão
do desamor,
do cansaço
e dúvida passageira.

Mas é,
com segurança absoluta,
o olhar fundo do sentimento,
o carinho preciso,
a mão firme,
a pele dialogando
de igual para igual,
gritando ou sussurrando
conforme a hora;

é a temperatura
da paz recobrada.


Saber amar,
não é a aceitação
passiva do outro.

É a existência ativa
do amor latente.

Saber amar,
implica conhecer virtudes
que o amor agudo não sabe:
esperar,
deixar fluir,
não invadir as dúvidas,
não abafar
nem impedir
(ainda que com carinho)
que a outra parte
ejete à tona
a angústia ou a dor.

Quem ama
desaba junto.

Que sabe amar
suporta esse desamor,
se passageiro, é claro,
porque quem sabe amar
conhece a medida exata
dos orgulhosos
que valorizam o amor.

Nada é pior
que a desistência
de quem sabe amar
do que o ferimento
ou a indiferença provocados
em quem ama.

Quem ama
tolera ser maltratado.

Quem sabe amar,
jamais.

Este jamais permanecerá
com quem maltrata
porque quer ser maltratado.

Quem ama,
quando cansa,
pode voltar a amar.

Quem sabe amar,
quando desliga
é para sempre.

E mais fácil afrontar
a quem ama
(um estado no qual
todos ficamos
meio sem caráter)
do que
a quem sabe amar.

Este conhece tanto
a importância de seu sentimento,
que quando o retira,
machucado,
incompreendido
ou ferido de morte,
é para sempre.

Quem ama
é mais inocente
do que quem sabe amar.

Mas quem sabe amar
é capaz de maldades maiores,
a partir do momento
em que desiste.

Desiste de saber amar,
porque pode
até continuar amando.

Cuidado com quem ama!

Mas cuidado maior
com quem sabe amar !

Quem perde um amor
perde muito menos
do que quem perde alguém
que sabe amar.

Saber amar não é depender.

Não é ser servil.

Não é viver agradando.

Não é fazer o que o outro quer.

Saber amar
é ter as reações certas,
de reação e crítica;
é ocupar todo o espaço
e no tempo do sentimento
e da emoção do outro.

Saber amar
é aquela parte que,
partindo do amor,
procura a parte do outro
que um dia saberá amar.

E a encontrando
tem paciência,
afeto e tolerância com ela.

A menos que descubra
que ela não merece.

Porque saber amar
é também ter a coragem
das renúncias,
bravura que raramente
tem quem
apenas ama.

[Artur da Távola]


e você?
ama
ou ainda não  sabe
me amar?

AntonioCarlos
2o1o

e continuamos a dançar...
hummm
tum tum tum

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Love Me Tender


Norah Jones


Prisioneira...



Sou uma prisioneira
de mim mesma

Confesso ao meu amado

São laços finos de dor

São correntes de pecados


Sou prisioneira
da sorte
de ter no sonho
a morte
de não poder fugir
de ti...


Sou prisioneira
de uma ilusão
louca

sublime beijo
entre lágrimas


língua náufraga
da tua boca!


(SilvaneSaboia)


...prisioneiro de mim
e daquilo
que sinto
por ti


Bom dia
Moça Querida!

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Quando a chuva passar


Paula Fernandes



DEPOIS...


Depois de ter tentado
e conseguido,
depois de ter obtido  
e  abandonado,
depois de ter seguido
e ter chegado,
depois de ter chegado
e prosseguido!


Depois de ter querido
e ter amado,
depois de ter amado
e ter perdido,
depois de ter lutado
e ter vencido,
depois de ter vencido
e fracassado!

Depois que o sonho comandou:
"  Avança!"

Depois que a vida ironizou:
" Criança!"

Depois que a idade sentenciou :
"Jamais!...

Depois de tudo
que escarnece
e exalta,
depois de tudo,
quando nada falta,
depois de tudo,
sempre ainda
falta muito
falta sempre
muito mais!

 ................ (Giuseppe Ghiaroni----)-->



 é isso
moça bonita..
depois de tudo
ainda
falta
tudo...

aNTONIocARLos
2o1o  

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

da benção



Vinicius de Moraes



tristeza...



Deve chamar-se tristeza

isto que não sei que seja
que me inquieta sem surpresa
saudade que não deseja.

Sim, tristeza - mas aquela
que nasce de conhecer
que ao longe está uma estrela
e ao perto está não a Ter.


Seja o que for,
é o que tenho.
tudo mais é tudo só.

E eu deixo ir
o pó que apanho
de entre as mãos
ricas de pó...

- fernando pessoa


e é isso
moça.
.
.
.
.
.
bonita
ponha um pouco de amor em sua vida...
quem sabe EU?


em outubro
2o1o

AntoniocarloS

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Queixa


Caetano Veloso


Que mistérios, afinal,
se escondem
por trás de uma rima?

Será que depende do tema,
ou será que independe
da teima do autor
em denunciar a dor,
que de amor queima?

Por que será que
tanto se rima amor e dor?

Será que dela depende apenas
a pena do autor?

Ou será por ele nunca ter brindado
o amor com uma flor?

Por que será que
nem sempre
uma grande amizade
rima com felicidade?

Será apenas
a pena do autor?

Que valor tem afinal
a rima caprichosa
de “amor”e “dor”?

Por que não brindá-lo
também com uma rosa?

Será que não vale a pena
a dor do amor?

Ah......
seja lá como for,
sentir pena é dor;
é dizer:
- que pena, Amor!

Inês Bicudo
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é assim?
outubro ou tudo!
2o1o
AnoniocarloS

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

É O Amor Outra Vez


Maria Bethânia



O Amor


O amor vale mais que uma religião;
o amor é a única religião que vale...

Que importam mesmo,
a recompensa ou o castigo?

É verossímil que Jesus,
como muitos judeus de seu tempo,
acreditasse numa vida depois da morte.

Mas também que percebeu cada vez mais
tudo o que uma crença assim
tinha de não essencial,
de anedótico,
de quase irrisório.

Primeiro porque não passa de uma crença,
que não se pode provar e que nada prova
- a não ser a mescla de ignorância
e de angústia que a suscita.

Depois, e sobretudo,
porque essa crença passa
á margem do essencial.

Ressurreição ou não,
que é que isso muda no valor
do amor, da justiça, do perdão?

E que isso muda, mesmo,
no sofrimento, na miséria, no horror?

A fé?

A esperança?

Cristo não tinha nem uma nem a outra,
explica Tomás de Aquino,
pois que apenas se pode crer e esperar
com a condição de não saber.

O argumento só é válido, claro,
na Suma Teológica,
porque se pressupõe a divindade de Jesus,
e, portanto sua onisciência.

Uma afirmação assim,
na pena do Doutor Angélico
( "Cristo não teve nem a fé nem a esperança" ),
confere, todavia, mesmo para os crentes,
um sentido singular
- singularmente forte,
singularmente exigente -
ao que um livro famoso chama,
é esse seu título,
"a imitação de Jesus Cristo".

Como imitar a esperança ou a fé dele,
se ele não tinha nem uma nem outra?

Como imitar outra coisa dele
senão o conhecimento e o amor?

Ponto em que juntamos a Spinoza,
mas não quero demorar-me aí.

Digamos, antes, que para o ateu que sou
a observação de Tomás de Aquino
("Cristo não teve a fé e a esperança, porque há imperfeição nelas; mas, no lugar da fé ele teve a visão a descoberto, e, no lugar da esperança, a compreensão plena"),

mesmo dependente de outra interpretação,
expressa por certo o essencial:
-o que Cristo sabia desde sempre,
se fosse Deus,
o que talvez tenha compreendido aos poucos,
se fosse apenas um homem,
como creio,
não foi simplesmente
que é o amor que salva,
não a fé,
não a esperança
(ou a fé somente no amor,
a esperança somente no amor),
que é o amor que é Deus,
e que isso é verdade desde agora,
já aqui na terra,
que não se deve esperar outra salvação
além do amor,
outra religião além de amar,
e tanto pior para nós
se não somos capazes disso,
se falta-nos sempre o amor,
se o ódio e a violência
vencem incessantemente
e nos arrastam...


Acontece-me pensar
que foi isso que Cristo
só compreendeu na cruz
- "Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?" - onde é nosso irmão realmente,
e o mais humano de todos os deuses:
porque conhece afinal
nossa solidão,
nossa miséria,
nosso desespero,
porque está do lado
dos fracos e das vítimas,
definitivamente,
porque é o único deus trágico,
aquele que sofre,
aquele que morre,
aquele que não é um deus,
porque descobre que o amor
jamais salvou ninguém,
e que é, contudo,
a única salvação
que se possa humanamente
desejar...


Enceta Tragoedia :
Deus está morto,
a humanidade começa,
e sempre
- numa cruz-
recomeça...

do Livro Bom Dia, Angústia! - p147 - André Comte-Sponville

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é isso Moça Bonita
no desejo de que o AMOR
te salve e arrebate!
BOM DIA
1/2 beijo 



cARLos

sábado, 23 de outubro de 2010

Alta Marea






Antonello Venditti



MAR ABERTO
 


Quero navegar no teu corpo
À luz de velas
Perdendo-me na maré dos teus abraços
Deslizando-me nas ondas do teu gosto
Afogando-me no prazer do teu cansaço.

Quero estar à deriva dos teus olhos
Porém a bordo do teu coração
Respirar a brisa em tua boca
Levitando por sobre as emoções.

Quero voar mais alto que as gaivotas
Indo e vindo ao sabor da maresia
Sem rumo, sem destino, não importa
Quero você em minha fantasia.
                                                       
                                                                            
Débora Bellentani

------------------------------------------------------
e você minha Deusa?
onde estás fruta madura?
que numa madrugada destas
me levou à loucura...

Será que és um sonho
de um paraíso
ou de uma eterna procura?

Vem pra mim
não fiques nesta lonjura
me coloca na boca
e no corpo
um pouco da tua doçura


vem?

Ah!Carlos

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Je T'aime


Lara Fabian

E ALEGRE SE FEZ TRISTE     


Aquela clara madrugada
que viu lágrimas
correrem
no teu rosto
e alegre se fez triste
como se
chovesse de repente
em pleno agosto.

Ela só viu meus dedos
nos teus dedos
meu nome no teu nome.
E demorados
viu nossos olhos
juntos nos segredos
que em silêncio
dissemos separados.

A clara madrugada
em que parti.

Só ela viu teu rosto
olhando a estrada
por onde um automóvel
se afastava.

E viu que a pátria estava
toda em ti.

E ouviu dizer-me ADEUS:

Essa palavra
que fez tão triste
a clara madrugada...


Manuel Alegre em «366 poemas que falam de amor»

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~



e é isso moça
que me deixa
como desterrado
longe desta pátria
tua


OUTUBRO ou nada!
2o1o

antoniOCarlos

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

La Solitudine



Renato Russo

Sei agora
como nasceu a alegria,
como nasce
o vento
entre barcos de papel,
como nasce
a água ou o amor
quando a juventude
não é uma lágrima. 

É primeiro
só um rumor
de espuma
à roda do corpo
que desperta,
sílaba espessa,
beijo acumulado,
amanhecer de pássaros
no sangue.

É subitamente
um grito,
um grito apertado
nos dentes,
galope de cavalos
num horizonte
onde o mar é diurno
e sem palavras. 

Falei de tudo quanto amei.

De coisas que te dou
para que tu
as ames comigo:
A juventude,
o vento
e as areias...

Até Amanhã  ~  Eugénio de Andrade
--------------------------------------

e assim

até amanhã
moça
porque eu
também
só quis
mostrar
um pouquinho
do muito
de mim...............................................



1/2 beijo
antoniOCarlos

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Lonely People




Todos os Brindes...


Quero esgotar o que há de puro,
de bela,
de amante,
de gente,
de criança e de malícia em ti.

Sentir, pele na pele
o teu perfume

E entrelaçar as tuas mãos
às minhas
num gesto de loucura.

Beijar os teus lábios com paixão,
sugando a tua energia até cair inerte,
embriagado pelo teu fascínio...

Não importa a distância,
nem o teu silêncio,
nem tão pouco a tua aparente naturalidade
ao me encarar...

Quero amar os anos de tua vida
como se eles fossem meus...


E sentir o teu cheiro de mulher
envolvendo a minha essência homem.

Hoje, especialmente hoje,
quero que o tempo pare,
para brindar contigo
pelo resto de nossos dias
 juntos...


Inseparavelmentejuntos...



e no entanto...

cARLos
2o1o

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Para o sempre








" Somos a ponte para o sempre
arqueada sobre o mar,
buscando aventuras
para nosso prazer,
vivendo mistérios,
provocando desastres,
triunfos,
desafios,
apostas impossíveis,
submetendo-nos a provas
uma vez ou outra,
aprendendo o amor! "

 De " A ponte para o sempre"
 Richard Bach
é isso?
Carlos 
Outubro
2o1o


segunda-feira, 18 de outubro de 2010

I never fall in love








Senhora das Tempestades


Não sei bem
de que cor são os navios
quando naufragam
no meio dos teus braços

sei que há um corpo
nunca encontrado
algures no mar

e que esse corpo vivo
é o teu corpo imaterial

a tua promessa
nos mastros
de todos os veleiros

a ilha perfumada
das tuas pernas

o teu ventre
de conchas e corais

a gruta onde me esperas
com teus lábios
de espuma
e de salsugem


os teus náufragos
e a grande equação
do vento e da viagem

onde o acaso
floresce com seus espelhos
seus indícios de rosa
e descoberta.


Não sei de cor
onde é essa linha
onde se cruza
a lua e a mastreação


mas sei que em cada rua
há uma esquina
uma abertura
entre a rotina
e a maravilha


há uma hora de fogo
para o azul
a hora em que te encontro
e não te encontro


há um ângulo
ao contrário

uma geometria mágica
onde tudo
pode ser possível...



há um mar imaginário
aberto em cada página



não me venham dizer
que nunca mais
as rotas nascem
do desejo


e eu quero
o cruzeiro do sul
das tuas mãos


quero o teu nome
escrito nas marés
nesta cidade
onde no sítio mais absurdo
num sentido proibido
ou num semáforo


todos os poentes

me dizem

quem tu és...


Manuel Alegre
in «Senhora das Tempestades»,
Dom Quixote, Lisboa, 1998 


e enquanto isso
esperei você
nestas ruas
nestas esquinas
nesta chuva
onde o sinal
estava
sempre aberto
e no entanto
você não viu...


neste outubro
moça bonita


eu

antoniocarlos

domingo, 17 de outubro de 2010

Here And Now









OUTRAS VIDAS    


Vim de outras vidas...

Andei incansável, vagando sem destino
em busca de meu grande amor.

Vivi mil personagens
em outra existência...

Fui mago, 
fui bruxo,
herói,
bandido...

Fui sol, aqueci o mundo...

Fui lua, encantei namorados...

Fui cúmplice,

Soube segredos nunca ditos...

Fui oceano,
abriguei em minha sinceridadee 
no meu entusiamo
os seres vivos que moram nos oceanos...

E abriguei
em meu coração de mar,
todos os amores
e todos os desejos
que somente um oceano
consegue conter
pela sua imensidão...

Fui o vento poderoso que destrói
e fui brisa suave que alenta.

Fui chuva fina,  molhei a terra,
fiz brotar, fiz crescer...

Fui temporal,
E com minha ira destruí
o bom e o mal...

Fui rio calmo,
às vezes revolto...

Mas sempre buscando o mar !
O mesmo mar que sempre
me encantou
e que eu sabia,
um dia traria
o meu grande amor...

Em meu curso
saciei a sede dos povos,
lavei corpos, almas, purifiquei...

Em outras vidas fui absoluto
e fui o nada...

Fui tudo,
em outras vezes, quase nada...

Fiz nascer, morrer,

Fui árvore fixa ao solo...

E recebi em mim pássaros que cantam !

Dei flores e frutos, alimentei...

E fiz sombra para o viajante cansado,
para o andarilho exausto,
que sempre buscou o amor,
para que pudesse 
descansar em mim
e reiniciar sua caminhada...

Mas sempre desejei ser o final
dessa mesma caminhada
desse andarilho cansado
e tão esperado...

Fui luz,
fui sombra...

Fui Deus,
fui pagão...

Só não consegui ser ainda

O dono do teu coração...



é isso
Moça Bonita

ou tubro ou nada!
2o1o

aNTONIocARLos

sábado, 16 de outubro de 2010

Body and Soul










Doce Antony....
Um linda 5ª pra ti!


CRÔNICA DO DIA!!!!

Meu carro pára numa esquina da praia de Copacabana às 9h30m e vejo um velho vestido de branco numa cadeira de rodas olhando o mar à distância.
Por ele passam pernas portentosas, reluzentes cabeleiras adolescentes e os bíceps de jovens surfistas.
Mas ele permanece sentado olhando o mar à distância.
O carro continua parado, o sinal fechado e o estupendo calor da vida batia de frente sobre mim.
Tudo em torno era uma ávida solicitação dos sentidos.
Por isto, paradoxalmente, fixei-me por um instante naquele corpo que parecia ancorado do outro lado das coisas.
E sem fazer qualquer esforço comecei a imaginá-lo quando jovem.
É um exercício estranho esse de começar a remoçar um corpo na imaginação, injetar movimento e desejo nos seus músculos, acelerando nele, de novo, a avareza de viver cada instante.
A gente tem a leviandade de achar que os velhos nasceram velhos, que estão ali apenas para assistir ao nosso crescimento.
Me lembro que menino ao ver um velho parente relatar fotos de sua juventude tinha sempre a sensação de que ele estava inventando uma estória para me convencer de alguma coisa.
No entanto, aquele velho que vejo na esquina da praia de Copacabana deve ter sido jovem algum dia, em alguma outra praia, nos braços de algum amor, bebendo e farreando irresponsavelmente e achando que o estoque da vida era ilimitado.
Teria ele algum desejo ao olhar as coxas das banhistas que passam? 
Olhando alguma delas teria se posto a lembrar de outros corpos que conheceu?
Os que por ele passam poderiam supor que ele fazia maravilhas na cama ou nas pistas de dança?
Lembro-me ter lido em algum lugar que o inconsciente não tem idade. 
Ah, sim, foi no livro de Simone de Beauvoir sobre "A velhice".
E ali ela também apresentava uma estatística segundo a qual por volta dos 60 anos poucos se declaram velhos; depois dos 80 anos, só 53% se consideram velhos, 36% acham que são de meia-idade e 11% se julgam jovens.
Não sei porque, mas toda vez que vejo um senhor de cabelos brancos andando pela praia penso que ele é um almirante aposentado.
Às vezes, concedo e admito que ele pode ser também da Aeronáutica.
Por causa disto, durante muito tempo, vendo esses senhores passeando pela areia e calçada, sempre achava que toda a Marinha e Aeronáutica havia se aposentado entre Leblon e Copacabana.
Mas esses senhores de short e boné branco que passam às vezes em dupla pelo calçadão, são mais atléticos que aquele que denominei de velho e, sentado na cadeira, olha o mar.
Ele está ali, eu no meu carro, e me dou conta que um número crescente de amigos e conhecidos têm me pronunciado a palavra "aposentadoria" ultimamente.
Isto é uma síndrome grave.
Em breve estarei cercado de aposentados e forçosamente me aposentarão.
Então, imagino, vou passear de short branco e boné pelo calçadão da praia, fingindo ser um almirante aposentado, aproveitando o sol mais ameno das 9h30m até cair sentado numa cadeira e ficar olhando o mar.
Lembro-me ter lido naquele estudo de Simone de Beauvoir sobre a velhice algo neste sentido:
"Morrer, prematuramente, ou envelhecer: não há alternativa."
E, entretanto, como escreveu Goethe:
"A idade apodera-se de nós de surpresa."
Cada um é, para si mesmo, o sujeito único, e muitas vezes nos espantamos quando o destino comum se torna a nossa: doença, ruptura, luto.
Lembro-me de meu assombro quando, seriamente doente pela primeira vez na vida, eu me dizia:
"Essa mulher que está sendo transportada numa padiola sou eu."
Entretanto, os acidentes contingentes integram-se facilmente à nossa história, porque nos atingem em nossa singularidade: velhice é um destino, e quando ela se apodera de nossa própria vida, deixa-nos estupefato.
"O que se passou, então?  A vida, e eu estou velho", escreve Aragon.


Meu carro, no entanto, continua parado no sinal da praia de Copacabana.
O carro apenas, porque a imaginação, entre o sinal vermelho e o verde, viajou intensamente.
Vou ter de deixar ali o velho e sua acompanhante olhando o mar por mim.
Vou viver a vida por ele, me iludir que no escritório transformo o mundo com telefonemas, projetos e papéis. 
Um dia, talvez, esteja naquela cadeira olhando mar à distância, a vida distante.
Mas que ao olhar para dentro eu tenha muito que rever e contemplar. 
Neste caso não me importarei que o moço que estiver no seu carro parado no sinal imagine coisas sobre mim.
Estarei olhando o mar, o mar interior e terei alegrias de nenhum passante compreenderá.
......
....
..
.Li esta crônica há mais de 10 anos, no Jornal do Brasil - Rio de Janeiro, se não me falha a memória.
Achei-a tão bonita que recortei o jornal e guardei num daqueles lugares que só por acaso a gente acaba voltando.
Foi o que aconteceu.
Mexendo em meus papéis, encontrei-a e voltei a me emocionar ao lê-la.
Apresso-me em dividí-la com vc e espero que goste tanto quanto eu.
Beijos mil
Carinhosamente,


e é isso moça bonita e distante
no horizonte do mar
da minha memória

beijos mil

antoniOCarlos

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Moonlight Lady





BUSCA ETERNA


Tanto te esperei
e caminhei a esmo,
por campos, tabernas,
castelos, cavernas,
ruínas, restingas,
praias, falésias, ilhas
...

tanto procurei
por rostos, lábios,
olhos, traços,
marcos do amor completo.

Tantas vezes dancei,
conquistei,
me droguei,
tantos subjuguei,
manipulei, realizei,
mas meu destino
era cair em teus braços,
soluçar teu pranto,
afinar teu canto,
acalmar teu coração.


Entregar-te
minha alma encantada,
encarnada,
encardida
e aguardar o retorno
de teu sorriso casto,
do despudor ainda desconhecido,
da falta de malícia
de teu olhos vividos,
mas ainda intocados,
ainda inviolados.

De que me servem
outros abraços
e outros beijos,
se são teus os lábios
que desejo?

Se é teu o peito
que me ampara?

De que adianta
nascer e morrer bem velha,
se em toda essa existência
sequer tocar tuas mãos?

Ou, ao menos,
respirar teu hálito?

Nada me faria mais feliz,
que te ver dormindo
e ler teu sonho comigo,
como protagonista de teu amor.

Nada me daria mais prazer,
que traduzir tuas batidas compassadas
e entender que teu coração bate por mim.

Nada seria mais sublime,
que caminhar ao teu lado,
por sobre o tempo
e transcender à matéria.

Mesclar tua aura à minha,
fundir nossos espíritos
e dançarmos através da vida,
como dois astros errantes,
em rotas paralelas,
colidindo com a felicidade.


(Lilian Maial)

...juntar-nos aos astros
num imenso SOL...

...permites?
neste ou tubro ou nada!
2o1o
antoniocarlos

...mas tens medo.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Moonlight




Síndrome da Solidão.




Não importa
se está
solteiro ou casado.


Não importa
se tem muitos
ou poucos amigos.


Nem tampouco
se é introvertido
ou extrovertido.


A síndrome da solidão
não tem a ver
com convites
para festas e baladas
ou a ausência deles.


Justamente num tempo
em que o mundo
está cada vez mais
globalizado,
em que as facilidades
para os encontros
são inúmeras
e de diversas formas,
parece que
a maioria das pessoas
está,
cada uma
no seu grau,
sofrendo de solidão.


A carência
parece nos consumir
em desejos
que inexplicavelmente
não se realizam
e numa saudade
que a gente
nem sabe de que,
de onde
ou de quem.


Buscamos o outro
sem encontrá-lo,
ainda que vivamos
um sem número
de relações.


Este outro,
tão esperado,
parece nunca chegar.


Ou melhor, às vezes
parece nem existir.


O velho e bom carteiro
continua passando
todos os dias.


Temos telefone,
fax e computador.


Dentro dele,
os e-mails,
as salas de bate-papo,
os sites de encontros,
o orkut,
o gazzag,
o multiply
e o msn.


Temos também
blogs, fotologs
e skype.


Instalamos câmara,
microfone
e colecionamos
uma lista interminável
de amigos


(alguns que a gente
nem sabe quem são...
mas vale mantê-los
porque nos dão
a sensação de
"estar junto").




Tudo para tentar aplacar
este eco interior.


Qualquer coisa
que preencha o vazio,
o abismo que insiste
em nos separar


de alguém
que já fomos um dia
ou - pior! -
que gostaríamos
de ser,
mas não sabemos
como construir,
enfim,
a ponte.


Creio que este seja
o primeiro passo.


Precisamos aprender
a construir as pontes.


Pontes que nos levem
até onde desejamos chegar,
especialmente
do outro lado
de nós mesmos.


Estamos sempre
do lado de fora,
procurando,
olhando,
observando,
acusando,
apontando,
amando,
desejando,
rindo e chorando
...
sempre do lado de fora
...


Basta uma conversa,
uma situação,
um encontro
...
e lá estamos nós
falando do que
o outro fez,
do que
o outro disse,
de como
o outro
nos faz sentir.


Basta uma nova paixão
ou uma velha briga
com quem já está
ao nosso lado
para encontrarmos
todas as justificativas
no outro.


Não temos as pontes,
as benditas pontes.


Caramba!


Nem tentamos construí-las.


Simplesmente
nos acomodamos
com as facilidades
dos encontros
sem laços
sem nos darmos conta
de que
o único encontro necessário
não tem acontecido há anos,
há muito,
muito tempo!


E assim,
muitos estão morrendo,
ou melhor,
se matando de solidão
no meio
da multidão.


Paradoxal?


Lamentável?


Pode até ser!


Mas as saídas existem,
eu tenho certeza!


Você pode
encontrar a sua.


Eu posso
encontrar a minha.


Só que,
definitivamente,
tem de ser dentro
e não fora!!!


Temos confundido
liberdade e amor-próprio
com egoísmo
e individualismo.


Olhamos constantemente
para o outro,
mas não conseguimos
vê-lo verdadeiramente
porque somente
poderemos enxergar alguém
- quem quer que seja
- depois de termos
nos enxergado.


Falta nos
responsabilizarmos.


Falta parar
com essa mania
irritante
de acreditar
que o outro
é o causador dos fatos
em nossa vida.


E assim,
quando finalmente
começarmos a olhar
para tudo
o que nos acontece
com um pouco mais
de propriedade,
estou certa
de que a solidão
diminuirá
consideravelmente...


Porque permitiremos
a aproximação
das pessoas
sem tantas ressalvas
e compreenderemos que
somos todos um


e que sozinhos,
fechados
em nossa concha pessoal
não somos ninguém,


nossa existência
perde qualquer sentido.


Não faz link;
não tem significado
nem importância,
porque perdemos
a chance preciosa
de compartilhar
nosso coração.


Sugiro que você
aposte mais
na delícia
dos encontros,
mas comece hoje,
agora,
a construir pontes
pelas quais você
possa passar
...
atravessar o abismo
que sente aí dentro
...
Porque do outro lado,
está certamente
a sua imensa
capacidade de mudar
qualquer situação
para melhor.


E que esta mudança
inclua a humildade
que requer a convivência
...
para definitivamente
conseguir
sentir bem mais
amor
e bem menos
solidão.


E quem sabe então,
possa compreender,
enfim,
que o amor que você
é capaz de dar
...
assim como o que
você é capaz
de receber
nada mais são
do que reflexo


- na exata medida


- do quanto você
permite
expressar
seu coração
...


Rosana Braga
Jornalista, Escritora e Consultora em relacionamentos afetivos


e é isso


PONTES!


não é?




em outubro
2o1o


antoniOCarlos...quase
1/2 beijo cheio!