De início, não me afeta o drama trivial.
Mas, aos poucos, a história enfim me contagia.
Vibro num acorde intenso de alegria,
Quando a hora da ventura é de fazer cantar.
Acre, fere-me em cheio a rajada perversa
Que fustiga os heróis; e sua sorte adversa
É tão real, é tão viva, é tão minha,
Que os vagalhões em fúria desse mar
Se espedaçam nas vergas de meu peito
Com ímpeto tamanho e de tal jeito
Que sinto o coração arrebentar.
E só ao cair do pano é que percebo, arfante,
Que o júbilo e o amargor desse drama empolgante,
Não eram meus, afinal!
O drama alheio - Helena Kolody
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