domingo, 1 de maio de 2011

Years of solitude




Muitas vezes qdo revejo um filme que me marcou na adolescência, tenho uma sensação de vazio e de perda da impressão causada na época...é como se eu sofresse uma cirurgia cerebral , uma espécie de lobectomia... portanto não gosto de voltar a rever o passado. 
Preferi te-los na lembrança imaculados, com a sensação causada na época.


No entanto as vezes, não consigo resistir e acabo retornando..uma espécie de " I will be back" acorda dentro de mim. 
E assim foi com Demian, de Hermann Hesse que marcou minha adolescência.


Acabei de comprar um exemplar via internet pois não havia nas livrarias (estava esgotado, disseram)


E ai bem agora terminei de ler o prólogo e foi como se eu houvesse decorado ou fizesse parte do meu próprio ser, o que ali estava escrito. 
Incrível a sensação de reconhecimento do meu ser, dos meus sentimentos do meu olhar pra vida.


Fui obrigada escrever pra vc o que estou sentindo, pq sei que vc realmente vai me entender e não me achar uma louca varrida e nem tão pouco bizarro esse meu gesto.


Estou emocionada...aqui com certeza não haverá uma lobectomia e sim um resgate, uma contemplação, um gozo


Vou retornar a leitura, sem medo...


beijo
MM


veja que fantástico:

HERMANN HESSE


Prólogo


Para relatar a história de minha vida, devo recuar alguns anos. 
Se me fosse possível, deveria retroceder ainda mais, à primeira infância, ou mais ainda, aos primórdios de minha ascendência.


Os romancistas, quando escrevem suas obras, costumam proceder como se fossem Deus e pudessem abranger com o olhar toda a história de uma vida humana, compreendendo-a e expondo-a como se o próprio Deus a relatasse, sem nenhum véu, revelando a cada instante sua essência mais íntima. 
Não posso agir assim, e os próprios poetas não o conseguem. 
Minha história é, no entanto, para mim, mais importante do que a de qualquer outro autor, pois é a minha própria história, e a história de um homem — não a de um personagem inventado, possível ou inexistente em qualquer outra forma, mas a de um homem real, único e vivo. 
Hoje sabe-se cada vez menos o que isso significa, o que seja um homem realmente vivo, e se entregam à morte sob o fogo da metralha a milhares de homens, cada um dos quais constitui um ensaio único e precioso da Natureza. 
Se não passássemos de indivíduos isolados, se cada um de nós pudesse realmente ser varrido por uma bala de fuzil, nãohaveria sentido algum em relatar histórias. 
Mas cada homem náo é apenas ele mesmo; é também um ponto único, singularíssimo, sempre importante e peculiar, no qual os fenómenos do mundo se cruzam daquela forma uma só vez e nunca mais. 
Assim, a história de cada homem é essencial, eterna e divina, e cada homem, ao viver em alguma parte e
cumprir os ditames da Natureza, é algo maravilhoso e digno de toda a atenção. 
Em cada um dos seres humanos o espírito adquiriu forma, em cada um deles a criatura padece, em cada qual é crucificado um Redentor.


Poucos são hoje os que sabem o que seja um homem.
Muitos o sentem e, por senti-lo, morrem mais aliviados, como eu próprio, se conseguir terminar este relato.


Náo creio ser um homem que saiba. 
Tenho sido sempre um homem que busca, mas já agora não busco mais nas estrelas e nos livros: começo a ouvir os ensinamentos que meu sangue murmura em mim. 
Não é agradável a minha história, não é suave e harmoniosa como as histórias inventadas; sabe a insensatez e a confusão, a loucura e o sonho, como a vida de todos os homens que já não querem mais mentir a si mesmos.


A vida de todo ser humano é um caminho em direção a si mesmo, a tentativa de um caminho, o seguir de um simples rastro. 
Homem algum chegou a ser completamente ele mesmo; mas todos aspiram a sê-lo, obscuramente alguns, outros mais claramente, cada qual como pode. 
Todos levam consigo, até o fim, viscosidades e cascas de ovo de um mundo primitivo. 
Há os que não chegam jamais a ser homens, e continuam sendo rãs, esquilos ou formigas. 
Outros que são homens da cintura para cima e peixes da cintura para baixo. 
Mas, cada um deles é um impulso em direção ao ser. 
Todos temos origens comuns: as mães; todos proviemos do mesmo abismo, mas cada um — resultado de uma tentativa ou de um impulso inicial — tende a seu próprio fim. 
Assim é que podemos entender-nos uns aos outros, mas somente a si mesmo pode cada um interpretar-se...


e é isso Moça Bonita com dois EMES...
neste portal de Maio
fica uma poesia em preto e branco pra você...

DESEJOS




2011


aNTONIocARLos

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