sexta-feira, 10 de junho de 2011

Queda




Bebido o luar,
ébrios de horizontes,
Julgamos que viver
era abraçar
O rumor dos pinhais,
o azul dos montes
E todos os jardins
verdes do mar.

Mas solitários
somos e passamos,
Não são nossos
os frutos nem as flores,
O céu e o mar
apagam-se exteriores
E tornam-se os fantasmas
que sonhamos.

Por que jardins
que nós não colheremos,
Límpidos
nas auroras a nascer,
Por que o céu e o mar
se não seremos
Nunca os deuses
capazes
de os viver...



Bebido o luar
Sophia de Mello Breyner Andresen
(1919)


ah moça!!!
a lembrança deste teu umbigo!

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