Canto-te para que tudefinitivamente
existas....Canto o teu nomeporque só as coisas cantadasrealmente sãoe só o nome pronunciadoinicia a mágica corrente....Canto o teu nomecomo o homem fazia eclodiro fogo do atrito das pedras....
Canto o teu nomecomo o feiticeiro invoca
a magia do remédio....
Canto o teu nomecomo um animal uiva
de desespero....Como os animais pequenosbebem nos regatos depois
das grandes feras....Canto-te
e tu definitivamenteexistes nos meus olhos
sempre abertosporque é sempreos meus olhos
são os olhos da criançaque nós somos sempre
diante da imensidãodo teu espaço....
Canto-te
e os meus olhos sempre abertossão a pergunta
instante pendentede eu te interrogar
e interrogo as coisasem seu ser noctumo
em seu estarsombriamente presentesna tua claridade
obscura....E como é sempre
meus olhos abertosprescrutam-te
símbolo de tudoo que me foge
como apertar o ardentro das mãos
e querer agarrar-te...oh substância....
Canto-te
com a fragilidadede tudo que existeperante
uma eternidadedemasiado nocturnapara os nossos
olhos infantisperante a tuaantiguidade
futura....
E a nossa vozé uma pequena ondano dorso
do teu oceano de matéria....Um leve arrepio apenasna espantosa espessura
de teu éter....
Ah no aré que tudo acontece
no ar nocturnodas idades esquecidas
que previamentedesconheceremos....
No espaçoé que tudo acontece
e o espaçoé uma grande ondamuito quieta
ondeos nossos olhos penetram
no não sabermosaté onde
ali
além
no alémonde tudo acontece....Oh
oh espaçode tudo ser tão ligeiroe impalpável
e sermos nósa respiraçãodo teu bafo ritmado
imperceptível distância...
Ohaugusta majestáticadignidade do silêncio.
Ohimpassibilidadeda tua mecânica celeste.Ohorganismo primeirode todos os fins secretos
da compreensãodas coisas.Ohinorgânico organismodos seres
que se devoram.Ohdiz a quem servimosnós de pasto....Canto-te
como quem pronunciao Mantra esotéricodo teu nome....
Canto-te e grito
para que a poeiraque se infiltraem todas as coisasse erga de ticomo um plâncton....Oh Madre
matriz das criaturas inferioresque rastejam
a teus péscobertas de pó
esse pó que a cada momentoameaça submergir-nos....
Oharanha enormetecendo tua teia de pó...Ohque desintegras tudoe tudo tu constróis....Ahcomo nós lambemostuas duras mãos.Ohque fustigas nossos olhoscom tua sombraEnorme.Oh
que deixas tanto espaçopara o silêncio
das mil pétalas
dos mil braços esplendorososem seu abandono
dos murmúrios
dos afagos
sangue derramadosobre o mundo..
OhPorque és sempretão premente?
e sempre estásausentemente
na tua constânciaem todas as coisas?..Oh sonoOh mortetão desejada e longa
mágica povoada de átomos
milhões de espíritosenchem o teu sopro....E penetras em nóscomo uma bala
E tudo morrequando tu chegas....
E tudo se diluie se transforma em ti
alada presciênciade tudo acontecer
tão longe de nóse tão antigamente
e tudo nos ultrapassacom soberana indiferença
ante os nossos olhoscegos pelo teu negrume...Oh
brilha para dentro de mim
acende teus luzeirosem meus olhos
ergue teus braços...ohprenhe de tudo...Ohvaso...Oh via lácteade nos amamentarescom teu leite
de sombra...Ohúbere e pródiga
aleita tua ninhada faminta....Grande fera luzidiaGrande mitoGrande deus antigo...Oh urnaonde todos dormimos...OhMeus olhos choram jáde tanto prescrutar-te...E canto-te...Canto-te
Para que tu existasE eu não vejamais nada além de ti
E nada mais desejesenão que venhas outra vez
levar-me para dentrodo teu ventre
de nunca mais haver...E nada mais haverque...
Oh tudefinitivamente alémPoemas de Eros Frenético e Contemporâneos«um calculador de improbabilidades»,Quimera - 1ª edição 2001ANA HATHERLY (n. 1929)e é issonão é?...e eu não consigo mesmover nada alémde ti......simsintotua faltateu corpoteu perfumetua bocateu beijotua línguateu calorteu cheiroteu ....tudotudoteu...eu simsintofalta...sim!...sou um bobo mesmo...e daí?...eu/teumesmo que não saibasmesmo que não queiras...em PAZdolotúantoniOCarlos............quase!se....tem....bro e chove2o1o
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