segunda-feira, 31 de maio de 2010

teu colo...




teu colo...


Hoje eu queria teu colo
meu silêncio
e o teu afago

Em mútuo consentimento
trocando segredos
tecendo sabores
tramando ternuras
confessando amores

Hoje eu queria teu colo...

Talvez mais -
cumplicidade

A tua força
tua certeza
contra a minha
fragilidade

Hoje eu queria
teu colo...

Tua voz
tuas mãos
tua alegria


No entanto,
só essa estúpida
solidão
me faz companhia

Alice Daniel

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

e é assim.....
sempre


e agora
não tem
mais jeito
esta paixão
estúpida
no meu peito
desde que chegaste
e dominaste meu coração
eu me pergunto:
- Com que direito?

Com que direito me fazes ficar desejando este teu colo?

Imenso e gostoso e
do tamanho,
do meu choro,
do meu desejo e
da minha necessidade
cada dia maior
de ti...



maio
2o1o

antoniocarlos

Música: No se tu - Luis Miguel

domingo, 30 de maio de 2010

boca errante






boca
errante



Mimosa boca errante
à superfície
até achar o ponto
em que te apraz colher
o fruto em fogo
que não será comido
mas fluído
até se lhe esgotar
o sumo cálido
e ele deixar-te,
ou o deixares,
flácido
mas rorejando
a baba de delícias
que fruto e boca
se permitem,
dádiva



Boca mimosa e sábia,
impaciente de sugar
e clausurar
inteiro, em ti,
o talo rígido
mas varada de gozo
ao confinar-se
no limitado espaço
que ofereces
o seu volume e jato
apaixonados,
como pode torna-te,
assim aberta,
recurvo céu infindo
e sepultura?


Mimosa boca
e santa
que devagar
vais desfolhando
o líquido
espuma de prazer
em rito mudo,
lenta-lambente-lambilusamente
ligada à forma ereta
qual se fossem
a boca
o próprio fruto,
e o fruto
a boca


oh chega,
chega,
chega
de beber-me
de matar-me,
e, na morte,
de viver-me


Já sei
a eternidade;

é puro orgasmo


Carlos Drummond de Andrade



em maio

2o1o

nesta eternidade
que sinto
quando
na distância de um beijo
um re-beijo
errante
nos quadrantes
de teu desejo
Saudade!



antoniOCarlos



Música : Pra você - Gal Costa

sábado, 29 de maio de 2010

Com um brilhozinho





Com um brilhozinho nos olhos
e a saia rodada
escancaraste a porta do bar...

Trazias o cabelo aos ombros
passeando de cá para lá
como as ondas do mar.

Conheço tão bem esses olhos
e nunca me enganam,
o que é que aconteceu, diz lá

É que hoje fiz um amigo
e coisa mais preciosa
no mundo não há.

Com um brilhozinho nos olhos
metemos o carro
muito à frente,
muito à frente dos bois

Ou seja, fizemos promessas
trocamos retratos
trocamos projectos os dois

Trocamos de roupa,
trocamos de corpo,
trocamos de beijos,
tão bom, é tão bom

E com um brilhozinho nos olhos
tocamos guitarra
p’lo menos a julgar pelo som

E que é que foi que ele disse?
E que é que foi que ele disse?

Hoje soube-me a pouco.
Passa aí mais um bocadinho
que estou quase a ficar louco

Hoje soube-me a tanto

Portanto,
Hoje soube-me a pouco

Com um brilhozinho nos olhos
corremos os estores
pusemos a rádio no “on”

Acendemos a já costumeira
velinha de igreja
pusemos no “off” o telefone

E olha, não dá p’ra contar
mas sei que tu sabes
daquilo que sabes que eu sei

E com um brilhozinho nos olhos
ficamos parados
depois do que não te contei

Com um brilhozinho nos olhos
dissemos, sei lá
o que nos passou pela tola

Do estilo és o “number one”
dou-te vinte valores
és um treze no totobola

E às duas por três
bebemos um copo
fizemos o quatro
e pintámos o sete

E com um brilhozinho nos olhos
ficamos imóveis
a dar uma de “tête a tête”

E que é que foi que ele disse?

E com um brilhozinho nos olhos
tentamos saber
para lá do que muito se amou

Quem éramos nós
quem queríamos ser
e quais as esperanças
que a vida roubou

E olhei-o de longe
e mirei-o de perto
que quem não vê caras
não vê corações

Com um brilhozinho nos olhos
guardei um amigo
que é coisa que vale milhões.

E que é que foi que ele disse?

Sergio Godinho




e então é isso Moça Bonita
toda vez que a alma gritar
implorar ou clamar
por socorro
coloque um brilhozinho nos olhos
deixe-os faiscar pro meu lado
quem sabe eu não corro
para atender teu chamado?


até lá
1/2 beijo
1/2 grito
1/2 passo
1/2 queda

mea culpa
mea maxima culpa


antoniOCarlos
maiO
2o1o



Música : Com Um Brilhozinho Nos Olhos



Isso é que é flexibilidade!


Vídeo de 1944:

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Samarina




A MOÇA FERRADA

Falam tanto dessa moça.
Ninguém viu
mas todos juram.

Cada um
conta coisa diferente,
e todas concordantes.

Dizem que à noite, ela.
Ela o quê?
E com quem?
Com viajantes
que somem sem rastro
gabando no caminho
os espasmos secretos
(tão públicos) da moça.

Sobe a moça
a ladeira da igreja
para a reza de todas as tardes,

De branco perfeitíssimo,
alta, superior, inabordável,
(luxúria de mil-folhas
sob o véu,
murmura alguém).

À noite é que acontecem coisas
no quarto escuro.
Ganidos de prazer,
escutados por quem?
se ninguém passa
na rua de altos muros-horas?

Pouco importa,
a moça está marcada,
marca de rês na anca,
ferro em brasa
de língua popular.


Carlos Drummond de Andrade


então é isso moça bonita
preencha este teu vazio
das horas
dos dias
da eternidade
amando com coragem,
força, fé,
esperança e vontade
...
e se além disso voce fizer
da tua vida
uma noite de luar
quando chegar a hora da partida
tenho certeza que
o povo inteiro vai chorar
...
e se isso acontecer
fica com o 1/2 beijo meu
para nunca me esquecer

antoniOCarlos
maiO
2o1o

Música : Samarina - Wilson Simonal

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Aquele gosto amargo






Aquele gosto amargo

do teu corpo,
ficou na minha boca
por mais tempo:

De amargo
e então salgado
ficou doce,
assim que o teu cheiro
forte e lento
fez casa
nos meus braços
e ainda leve
e forte
e cego
e tenso
fez saber

Que ainda
era muito
e muito pouco.

Faço nosso
o meu segredo
mais sincero
e desafio
o instinto dissonante.

A segurança
não me ataca
quando erro
e o teu momento
passa a ser
o meu instante.

E o teu medo
de ter medo
de ter medo,
não faz da minha força
confusão:

Teu corpo
é o meu espelho
e em ti navego e sei
que tua correnteza
não tem direção.

Mas, tão certo
quanto o erro
de ser barco a motor
e insistir em usar os remos.

É o mal que a água faz,
quando se afoga...

E o salva-vidas
não está lá
porque não vemos..............

Daniel na Cova dos Leões
(Renato Russo)


então é isso
moça bonita
o que fazer com esta chama
que me queima a alma?
Amar?
Des-armar?
Re-armar?
Re-amar!
Sempre...

Porque neste mar
de sensações
a gente
se afoga
e no entanto
o salva-vidas
não está lá
porque não vemos...


antoniOCarlos
maiO



Música : Pra voce Guardei o amor - Nando Reis & Ana Cañas



Sorria!

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Rebentar novo do de dentro




Duvido dos teus olhos tão meus,

tão perto,

como duvidaria do brilhante

achado no meio das bugigangas.


Desdenho das inquietudes

e dos bateres de asa no peito,

de um certo oco das pernas,

da efervescência dos nervos,

da fragilidade imiscuída na voz.


Melhor que não se apodere de mim

essa festa permanente,

esse tilintar de cristais,

essa promessa de estrela.


Não quero em mim

a instabilidade do vôo,

o medo da corda bamba sem rede,

a vertigem dos abismos latentes.


Duvido dos teus olhos

e eles estão tão perto,

tão perto.


Nego a mim as horas

bordadas de expectativa,

os planos mirabolantes de assédio,

a alienação de tudo quanto lembre

a ordinariedade daquilo que era,

que foi, antes, antes dos teus olhos,

como quem descrê de alturas improváveis

porque em mim

mora a dor da queda desamparada

e o gosto do nada.


Contudo,

moram em mim também agora

teu olhos.


Deito entre uma palavra e outra

e deixo que os sons me cubram,

me fecundem,

me emprenhem.


Quero o verbo a habitar meu ventre,

a crescer em minhas entranhas

para rebentar novo do de dentro,

cheio de meu sangue,

da minha placenta.


Quero me perpetuar em linhas,

me estampar em versos,

me traduzir em signos

porque cada vez que me criptografo,

me decodifico;

cada vez que

me metamorfoseio em metáforas,

mais nítida a minha imagem

no espelho.


Me fiz larva que se descobre crisálida

para saber da vida rastejante

que a povoa e

das suas promessas de asas.


Um cansaço de mil dias

veio deitar sua cabeça em meu peito

e fazer teias em meus cabelos,

veio calçar meus pés

com botas de chumbo

e me contar histórias

que ele não sabe

se findam ou se mudam.


O cansaço cobre tudo

com sua maré alta,

mas não traz peixes

nem conchas

nem corais,

traz algozes

e vozes roucas,

traz faltas,

inquietudes

e punhais.


Uma vida seca

jaz morta no copo

sobre o criado em luto

e sorri seu sorriso postiço

de quem já não mais se importa

e não tem nada a ver com isso.


Eu olho pra ela,

levo um susto

e assumo compromisso:

amanhã busco uma vida nova.


Num amanhã

que cada vez mais

sem querer e querendo

só me percebo ao lado teu

Moça Bonita.

e é isso

e lá nave vá...

neste Maio

a caminho de

Junho

antoniOCarlos



Música : Cinema paradiso ( Enio Morricone )- Josh Groban


Sorria!

terça-feira, 25 de maio de 2010

O amor comeu






O amor comeu
meu nome,
minha identidade,
meu retrato.

O amor comeu
minha certidão de idade,
minha genealogia,
meu endereço.

O amor comeu
meus cartões de visita.

O amor veio e comeu
todos os papéis
onde eu escrevera meu nome.

O amor comeu
minhas roupas,
meus lenços,
minhas camisas.

O amor comeu
metros e metros de gravatas.

O amor comeu
a medida de meus ternos,
o número de meus sapatos,
o tamanho de meus chapéus.

O amor comeu
minha altura,
meu peso,
a cor de meus olhos
e de meus cabelos.

O amor comeu
meus remédios,
minhas receitas médicas,
minhas dietas.

Comeu minhas aspirinas,
minhas ondas-curtas,
meus raios-X.

Comeu meus testes mentais,
meus exames de urina.

O amor comeu na estante
todos os meus livros de poesia.

Comeu em meus livros de prosa
as citações em verso.

Comeu no dicionário
as palavras que poderiam
se juntar em versos.

Faminto,
o amor devorou os utensílios de meu uso:
pente, navalha, escovas,
tesouras de unhas, canivete.

Faminto ainda,
o amor devorou o uso de meus utensílios:
meus banhos frios,
a ópera cantada no banheiro,
o aquecedor de água de fogo morto
mas que parecia uma usina.

O amor comeu
as frutas postas sobre a mesa.

Bebeu a água
dos copos e das quartinhas.

Comeu o pão
de propósito escondido.

Bebeu as lágrimas dos olhos que,
ninguém o sabia,
estavam cheios de água.

O amor voltou para comer
os papéis onde irrefletidamente
eu tornara a escrever meu nome.

O amor roeu minha infância,
de dedos sujos de tinta,
cabelo caindo nos olhos,
botinas nunca engraxadas.

O amor roeu o menino esquivo,
sempre nos cantos,
e que riscava os livros,
mordia o lápis,
andava na rua chutando pedras.

Roeu as conversas,
junto à bomba de gasolina do largo,
com os primos
que tudo sabiam sobre passarinhos,
sobre uma mulher,
sobre marcas de automóvel.

O amor comeu
meu Estado
e minha cidade.

Drenou a água morta dos mangues,
aboliu a maré.

Comeu os mangues
crespos e de folhas duras,
comeu o verde ácido
das plantas de cana
cobrindo os morros regulares,
cortados pelas barreiras vermelhas,
pelo trenzinho preto,
pelas chaminés.

Comeu o cheiro de cana cortada
e o cheiro de maresia.

Comeu até essas coisas
de que eu desesperava
por não saber falar delas em verso.

O amor comeu até os dias
ainda não anunciados nas folhinhas.

Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio,
os anos que as linhas de minha mão asseguravam.

Comeu o futuro grande atleta,
o futuro grande poeta.

Comeu as futuras viagens em volta da terra,
as futuras estantes em volta da sala.

O amor comeu
minha paz e minha guerra.

Meu dia e minha noite.

Meu inverno e meu verão.

Comeu meu silêncio,

minha dor de cabeça,

meu medo da morte...


by João Cabral de Melo Neto



e então é isso moça bonita
do sorriso de algodão doce
do amor que me comeu
a identidade
o juízo
e a força de vontade


em Maio
2o1o

antoniOCarlos


Música : Trocando em miúdos (Chico Buarque) Patricia Camin

segunda-feira, 24 de maio de 2010

O QUE NÃO É AMOR...








O QUE NÃO É AMOR...





Já se falou tanto
em amor,
amizade
e paixão...

Que tal falarmos
do que não é amor?


Se você precisa
de alguém para ser feliz,
isso não é amor.

É CARÊNCIA.


Se você tem ciúme,
insegurança
e faz qualquer coisa
para conservar
alguém ao seu lado,
mesmo sabendo
que não é amada,
e ainda diz que confia
nessa pessoa,
mas não nos outros,
que lhe parecem
todos rivais,
isso não é amor.

É FALTA DE AMOR PRÓPRIO.


Se você acredita
que "ruim com ele,
pior sem ele",
e sua vida fica vazia
sem essa pessoa;
não consegue
se imaginar sozinha
e mantém um relacionamento
que já acabou
só porque
não tem vida própria
- existe em função do outro -
isso não é amor.

É DEPENDÊNCIA.


Se você acha
que o ser amado
lhe pertence;
sente-se dona
e senhora de sua vida
e de seu corpo;
não lhe dá
o direito de se expressar,
de ter escolhas,
só para afirmar seu domínio,
isso não é amor.

É EGOÍSMO.


Se você
não sente desejo;
não se realiza
sexualmente;
prefere nem ter
relações sexuais
com essa pessoa,
porém sente
algum prazer
em estar ao lado dela,
isso não é amor.

É AMIZADE.



Se vocês discutem
por qualquer motivo;
morrem de ciúmes
um do outro
e brigam
por qualquer coisa;
nem sempre fazem
os mesmos planos;
discordam
em diversas situações;
não gostam
de fazer
as mesmas coisas
ou ir aos mesmos lugares,
mas sexualmente
combinam perfeitamente,
isso não é amor.

É DESEJO.

Se seu coração
palpita mais forte;
o suor torna-se intenso;
sua temperatura
sobe e desce
vertiginosamente,
apenas em pensar
na outra pessoa,
isso não é amor.

É PAIXÃO.


Agora,
sabendo
o que não é amor,
fica mais fácil analisar,
verificar
o que está acontecendo
e procurar resolver
a situação.

Ou se programar
para atrair alguém
por quem sinta
carinho
e desejo;
que sinta
o mesmo por você,
para que possam
construir
um relacionamento
equilibrado
no qual haja,
aí sim,
o verdadeiro
e eterno amor.


Meu pai
disse-me um dia:

"Filho...
você terá
três tipos de pessoa
na sua vida:


- Um AMIGO,
aquela pessoa
que você terá sempre
em grande estima,
que você sabe
que poderá contar
sempre;
que bastará você
insinuar
que está precisando
de ajuda
e a ajuda
está sendo dada;


- Uma AMANTE,
aquela pessoa
que faz
o seu coração pulsar;
que fará
com que você flutue
e nada importará
quando vocês
estiverem juntos;


- Uma PAIXÃO,
aquela pessoa
que você amará,
desejará
incondicionalmente,
às vezes
nem lhe importando
se ela
lhe quer ou não,
e talvez
ela nem fique
sabendo disso.



Mas, se você
conseguir reunir
essas três pessoas numa só
- pode ter certeza meu filho:

- Você encontrou a felicidade."


(Augusto Schimanski - 1928/1973)



alguém viu
a MINHA
Felicidade
por aí??
hein Gentemmmmmmmmm?


é isso
por hoje

agora preciso
correr com o vento

um dia
ainda
ganho dele...


antoniOCarlos

2o1o




MÚSICA - Contigo a La Distancia - Orquestra Romanticos de Cuba

espero que voes, agora
nas asas
da felicidade
sobre montanhas e vales
e traga este abraço continente
este sorriso de contente
e um pedaço do sol poente
para mim
espero sim...

SORRIA!



domingo, 23 de maio de 2010

O que vês?






O que vês?

(...)




Cais, às vezes, afundas
em teu fosso de silêncio,
em teu abismo

de orgulhosa cólera,
e mal consegues
voltar, trazendo restos
do que achaste
pelas profunduras

da tua existência.

Meu amor,

o que encontras
em teu poço fechado?


Algas, pântanos, rochas?


O que vês,

de olhos cegos,
rancorosa e ferida?

Não acharás, amor,
no poço em que cais
o que na altura guardo para ti:


um ramo de jasmins

todo orvalhado,
um beijo mais profundo

que esse abismo.



Não me temas, não caias
de novo em teu rancor.


Sacode a minha palavra

que te veio ferir
e deixa que ela voe

pela janela aberta.


Ela voltará a ferir-me
sem que tu a dirijas,
porque foi carregada

com um instante duro
e esse instante

será desarmado em meu peito.



Radiosa me sorri
se minha boca fere.


Não sou um pastor doce
como em contos de fadas,
mas um lenhador

que comparte contigo
terras, vento

e espinhos das montanhas.



Dá-me amor,

me sorri
e me ajuda a ser bom.


Não te firas em mim,

seria inútil,
não me firas a mim

porque te feres.



in O poço

Pablo Neruda

e é sempre assim

um poço

um vazio sem fim

e te ouço

mesmo longe

de mim

Antoniocarlos

Maio

2o1o



Música = CONTIGO EN LA DISTANCIA - Cristina Aguilera



Sorria!