quarta-feira, 30 de junho de 2010

Love Song





TALVEZ


Talvez eu venha
a envelhecer rápido demais.

Mas lutarei cada dia
para que tenha valido a pena.

Talvez eu sofra
inúmeras desilusões
no decorrer de minha vida.

Mas farei que elas
percam a importância
diante dos gestos
de amor que encontrei.

Talvez eu não tenha
forças para realizar
todos os meus ideais.

Mas jamais irei
me considerar um derrotado.

Talvez em algum instante
eu sofra uma terrível queda.

Mas não ficarei por muito tempo
olhando para o chão

Talvez um dia
o sol deixe de brilhar.

Mas então
irei me banhar
na chuva.
Talvez um dia
eu sofra alguma injustiça.

Mas jamais irei
assumir o papel
de vítima.

Talvez eu tenha
que enfrentar
alguns inimigos.

Mas terei humildade
para aceitar as mãos
que se estenderão
em minha direção.

Talvez numa dessas noites frias,
eu derrame muitas lágrimas.

Mas não terei vergonha
por esse gesto.

Talvez eu seja
enganado inúmeras vezes.

Mas não deixarei de acreditar
que em algum lugar
alguém merece a minha confiança.

Talvez com o tempo
eu perceba que
cometi grandes erros.

Mas não desistirei
de continuar trilhando meu caminho.

Talvez com o decorrer dos anos
eu perca grandes amizades.

Mas irei aprender
que aqueles que realmente
são meus verdadeiros amigos
nunca estarão perdidos.

Talvez algumas pessoas
queiram o meu mal.

Mas irei continuar plantando
a semente da fraternidade
por onde passar.

Talvez eu fique triste
ao concluir que não consigo
seguir o ritmo da música.

Mas então,
farei que a música
siga o compasso
dos meus passos.

Talvez eu nunca consiga
enxergar um arco-íris.

Mas aprenderei a desenhar um,
nem que seja
dentro do meu coração.

Talvez hoje
eu me sinta fraco.

Mas amanhã irei recomeçar,
nem que seja
de uma maneira diferente.

Talvez eu não aprenda
todas as lições necessárias.

Mas terei a consciência
que os verdadeiros ensinamentos
já estão gravados em minha alma.

Talvez eu me deprima
por não ser capaz
de saber a letra daquela música.

Mas ficarei feliz
com as outras capacidades
que possuo.

Talvez eu não tenha motivos
para grandes comemorações.

Mas não deixarei de me alegrar
com as pequenas conquistas.

Talvez a vontade
de abandonar tudo
torne-se a minha companheira.

Mas ao invés de fugir,
irei correr atrás do que almejo.

Talvez eu não seja
exatamente
quem gostaria de ser.

Mas passarei
a admirar quem sou.

Porque no final
saberei que,
mesmo com incontáveis dúvidas,
eu sou capaz de construir
uma vida melhor.

E se ainda não me convenci disso,
é porque como diz aquele ditado:
“ainda não chegou o fim”

Porque no final
não haverá nenhum “talvez”
e sim a certeza de que
a minha vida valeu a pena
e eu fiz o melhor que podia."

Aristóteles Onassis



é isso...

a certeza
que tenho
moça bonita
quando olho
o brilho
dos teus
olhos
e todas
as luzes
se acendem
nos olhos
meus

e junho
foi

AntonioCarlos
2o1o



Música : Love Song - Anne Murray

terça-feira, 29 de junho de 2010

Paralelas





Te quero,

Te quero,
não entre lençóis de seda,
taças de champanhe
ou frascos
de perfumes importados

( Basta a suavidade
de corpos molhados
(ou suados)
que se roçam nus.)

Não quero deitar-me
sobre nuvens de felicidade
nem sobre relvas macias.

Não quero cânticos,
nem louvores.

Te quero.

Não preciso
de céu estrelado;

De barulho de mar;

De maciez de areia.

Te quero.

Pura
e simplesmente,
te quero.

Nu?
Não!
Completo!

Te quero ~~ Ivy Wyler


Para lê-las,
as paralelas se encontram sempre
no infinito
ou no sorriso mais bonito

...e é isso!
ou talvez as paralelas
nunca se encontram
porque não há sinaleira
no infinito
por onde andas
não é?

mas...

Antonio Carlos
junho
2o1o



Música : Paralelas - Patricia Camim


...dentro do carro
sobre o trevo
a cem por hora
o meu amor
só tens agora
os carinhos do motor

e no escritório
onde eu trabalho
e fico rico
quanto mais eu modifico
diminui o meu amor

em cada luz
de mercúrio
vejo a luz do teu olhar
passo as praças
e viadutos
nem te lembras
de voltar


de voltar

no corcovado
quem abre os braços
sou eu

Copacabana
esta semana, o mar
sou eu

Como é perversa
a juventude
do meu coração
que só entende
o que é cruel
e o que é paixão

E as paralelas dos pneus
na água das ruas
tão tuas
estradas nuas
em que morre
o que é teu

No apartamento oitavo andar
abro a vidraça
e grito quando o carro passa


Teu infinito sou eu
sou eu
sou eu

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Playing love




...
Gosto quando te calas...
Porque ficas como ausente..

E me olhas de longe e minha voz
Não te alcança...

Parece que meus olhos a vêem nublada...
E parece que um beijo,
faz com que tua boca fale tudo...

Como todas as coisas estão cheias
Da minha alma...

Emerges às coisas como que
Saindo cheia de minha própria alma...

Mariposa de sonhos,
Parecida com minha própria alma...

Te pareces com a palavra melancolia...

Gosto quando calas...
e ficas como distante

Estas como que se queixando
Mariposa que está morrendo...

Me olhas de longe e minha
voz não te alcança...

Deixa que me cale com teu silêncio..
Deixa que eu também fale com teu silêncio,

Claro como uma lâmpada
Simples como um menino...

És como a noite clara e estrelada..
Teu silêncio fala com habilidade...
Tão largado e sensível...

Gosto quando calas porque é como
Se estivesses ausente
Distante e dolorida como se tivesses morrido...

Uma palavra ,
um sorriso
e já fico feliz...

Feliz com aquilo
que não é certo.
Gosto - Pablo Neruda

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e é isso moça bonita
sou as vezes um pássaro ou uma gaivota
quando me deixo voar
sobre a crueza da vida e do cotidiano
e faço longos vôos nas asas da imaginação...
para a Terra do Nunca
e nestas horas me imagino Peter Pan
em busca de uma sonhada e desejada Wendy...
...
sou muitos , sou bom , sou ruim, sou ótimo,
sou na realidade apenas uma reação daquilo que me provocam
...
e você ?
quer provocar o que em mim?
...
fico aqui imaginando...
sendo assim
se quiser
volte
quem sabe?
...
1/2 beijo
antoniOCarlos
junho
2o1o

Música : Playing love - Enio Moricone & Yoyo-Ma

domingo, 27 de junho de 2010

O Cristo de Madeira






O amor pode começar ...
...

O amor pode começar num domingo
porque no sábado
mãos e bocas famintas
se encontraram no cinema...


O amor começa no domingo
porque ontem homens e mulheres
dançaram felizes até tarde
e dormiram exaustos,
nos passos certos que erraram...


O amor pode começar no domingo
porque o pai relevou-se ao filho
e o filho perdoou o pai...


O amor pode começar no domingo
porque a mãe foi feliz para cozinha,
enquanto o outro igualmente feliz
foi almoçar fora...


O amor pode começar no domingo
porque os desacertados
acertaram as contas
e os desavisados
apararam as pontas
e mãos sem rumo
encontraram as bússolas...


O amor pode começar no domingo
virar ponto forte
alicerce
e morte...

Ricardo Soares

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Alguém saberia me informar
onde um homem comum,
cinqüentão,
um metro e setenta e sete,
setenta e quatro quilos,
poderia comprar
quatro metros de corda
para pular?

Tá difícil...


Ou os adultos
não pulam corda,
ou os anões
têm o monopólio da brincadeira.


é isso moça bonita?
então 1/2 beijo moleque
sabor sete anões
ah! corda...


antoniOCarlos

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

(...)
Pois de tudo
fica um pouco.

Fica um pouco
de teu queixo
no queixo
de tua filha.

De teu áspero
silêncio
um pouco ficou,
um pouco
nos muros zangados,
nas folhas, mudas,
que sobem.

Ficou
um pouco de tudo
no pires de porcelana,
dragão partido,
flor branca,
ficou um pouco
de ruga
na vossa testa,
retrato.
(...)
E de tudo
fica um pouco.

Oh abre os vidros
de loção
e abafa
o insuportável
mau cheiro da memória.

(Resíduo) ~ Carlos Drummond



Música : O Cristo de Madeira - Ana Carolina

sábado, 26 de junho de 2010

Teus Olhos








O conto do faz de conta


Faz de conta
que eles nasceram
um para o outro,
mas não sabiam.

Faz de conta
que um dia
não se encontraram,
mas se descobriram.

E então chamaram de desejo
a vontade do encontro.

Chamaram de amor
a cumplicidade.

E tudo isso empurrava os dois
na mesma direção.

Faz de conta
que os dois foram indo.
Foram indo.
Foram.

Se olharam
pela primeira vez
como se vissem o mundo
dentro dos olhos do outro.

Se abraçaram
pela primeira vez
como se num abraço
coubesse toda aquela paixão.

Mas não coube.

A paixão transpirava,
respirava, suava.

Trocava de corpo.

Assumia outra forma.

Voltava na mesma.

Entrava e saía.

Tudo ali se encaixava.

Tudo ali se ligava.

E a cama fez-se palco
para o espetáculo
de amor urgente.

O amor em todas as suas cores:
amarelo, marrom,
branco, transparente.

Eles eram dois
e eram sós.

Mas juntos
eram um.

Faz de conta que
de dentro deles
se ergueu um castelo.

E este castelo se fez fortaleza,
se fez morada,
e da dúvida se fez certeza.

Pelo chão ou pelo ar
fizeram-se caminhos
por todo lugar.

Era um desejo imenso
de ter, ser, saber, conhecer,
explorar, descobrir.

Pegar, segurar, roçar, cheirar, lamber.

Mistura de primeira e última vez.

Faz de conta
que agora
eles estão na cama.

Deitados de frente
um pro outro
se olhando.

Filmando,
fotografando
na memória
cada detalhe.

Dos cabelos ao pescoço,
dos lábios aos olhos,
do nariz às orelhas,
dos sonhos à história.

Faz de conta que não acabou.

Feche os olhos.

Faz de conta que
é só dormir de novo,
e tudo recomeçará.

Faz de conta
que é para sempre...


Fez de conta?

Agora me conta...
Isso tem jeito?
Isso tem fim?
Isso é isso mesmo?


2010
antoniOCarlos

Nunca desacredite do que falo.
Nunca duvide do que posso fazer.
Nunca tente medir meu amor.
Nunce tente me testar.

Gostei muitas vezes na vida,
amei poucas,
talvez só uma.

E se algum dia eu disser
que amo você
é porque assim quis
e por um longo tempo ainda
hei de querer.

Sempre acreditei
que os amores eram eternos,
mas os gostares também o são.

Com uma aprendi a gostar de música.

Com outra a admirar a liberdade.

Teve aquela que me apresentou a distância.

E você me convidou à cumplicidade
em banhos intermináveis
em lagoas forradas
de vitórias régias.
NINÚFARES!!.

Daqui hoje as coisas nascem.
E se escrevo é porque vivo.
Se vivo é porque quero.
Se quero é porque desejo.
Se desejo eu amo o meu desejo.
E meu desejo tem nome
VOCÊ!

E não faça de conta, é pra saber!
E sabendo...Muito além da ilusão...
Pergunto:
O que você faria se não tivesse medo???
Este medo danado assolando o teu coração???

hein?
Então....1/2 beijo sabor suspiro
com você volteando em meus braços
ao som de um tango
em dois olhos que se tragam
pela transparência
de duas taças de vinho...
Adiós Nonino!

DÍMAISSSSSSSSSSSS



Música : Teus Olhos - Marcelo Camelo & Ivete Sangalo

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Final Feliz






Do palhaço
tentei roubar a alma.

Congelar o temerário gesto
que pede uma trégua
na tarefa de ser homem.

Do palhaço
quis a inspiração
do riso mágico
da imperfeição.

Deste ofício
de homenagem ao ridículo,
de ensaio no erro,
exercício do tropeço,
quis conhecer a rotina.

Visitei palco e oficina
deste palhaço que insiste
na exaltação do feio,
na inquietação do débil,
sujo, sem futuro.

Do clown
quis aprender a arte
de aceitar a pior parte.

Negação de reis e rainhas,
ao bufão restam migalhas
dos bolos,
das mulheres,
das medalhas.

Resta forca ou calabouço.

Crime lesa-sociedade :
Esta leviandade
de revelar a face dos cavaleiros,
honrados e esgotados
por uma moral patética.

Poética,
a moral dos palhaços.

Sem princípios ou finalidades.

Cabeças sacrificadas em nome
da cômica verdade :

Todos nós bufões enrustidos,
sufocados pelo desejo
de ser Deus.

Anjo caído,
o palhaço não aspira
à imortalidade.

Vive na dualidade :

mais erros que acertos,
mais feios que bonitos,
mais a alegria do risco,
que a tristeza da conquista.

Tentei aprender o chiste
que permite uma trégua
na tarefa de ser forte.

Mil e duas noites,
andei a contar-me estórias
de anti-heróis.

Perdi oportunidades,
mas ganhei a alforria
das coisas em desuso.

Jogada no encanto
das impossibilidades.

E ao sono pós-melodias
acrescentei novos terrores :

Medo de ser perfumada,
bonitinha e ordinária.

O jeito e a prosa da corte
para ser aceita,
direita...

Quiçá perfeita.

Para quem?

Pára-quedas.

by carla mourão




e é isso
chega de fingir
chega de mentir
pode me abraçar sem medo
quero tuas asas para voar
bem prá dentro dos teus segredos
longe
lá no fundo
do mais bonito
de ti

1/2 beijo sabor céu de brigadeiro

antoniOCarlos




Música : Final Feliz - Alexandre Pires & Caetano Veloso

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Once Upon a Time in the West





Ando com saudades
de café com pão,
de namorados
dando beijinhos
no portão,
de pedir bênção a pai e mãe,
(Deus te abençoe),

do sinal da cruz que fazia
quando passava
na frente da igreja,
de ver um varal cheio de roupa
com cheiro apenas de sabão,

de ver alguém sorrindo
enquanto lava a louça
com bucha vegetal,

de sentir respeito
pela policia,
de cantar o hino Nacional
com mão no peito
e lágrimas nos olhos,

de acreditar que o Brasil
ganhou a Copa do Mundo
porque jogou direito,

de saber que o Zezinho
filho do porteiro
não vai morrer de dengue e
que Maria feirante
poderá ter um filho médico.

Saudades de homens
que usavam apenas
o assobio como galanteio.
Fiu-fiu!

Morro de saudades
do tempo em que
um presidente
de uma nação
era o mais respeitado cidadão
do país.

Que cadeia era lugar
só de ladrão.

Acho que andaram
invertendo a situação.

Ando com saudades
de galinha de galinheiro,
de macarrão feito em casa
com tempero sem agrotóxico,

de só poder tomar guaraná
em dia de festa,
de homens de gravatas,
de novela com final feliz,
de pipoca doce de pipoqueiro,

de dar bom dia à vizinha,
de ouvir alguém dizer
obrigado ao motorista
e ele frear devagarinho
preocupado com o passageiro.

Saudades de gritar
que a porta está aberta
para os que chegam.
- Um saco destrancar tanto PAPAIZ.

Saudades do tempo
em que educação
não era confundida com autenticidade.

Hoje se fala o que quer,
em nome de uma "tal" verdade
e pedir perdão virou raridade.

Ando com saudades
de ver no céu pipas
não atingidas pelo efeito estufa.

Saudades das chuvas sem acidez,
que não causavam aridez.

Saudades de poder viajar
sem medo de homem bomba,
de ser recebida com pompa
em outra nação.

Atualmente reina
a desconfiança no coração.

Sinto muitas saudades
do rubor das faces
de minha mãe,
quando se falava de sexo
totalmente sem nexo.

Hoje ele é tão banal
que até eu banalizei.

Acho que a maior saudade
que tenho
é a saudade de tudo
que acreditei.

Para minha filha
não poderei
deixar sequer
a esperança.

Hoje já não se nasce criança.


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Rosa Pena - Rio, 27 de abril de 2004



e é isso
ando com saudades de você
e você, anda com saudades de que?

aNTONIocARLos
junho
2o1o


Música : Once Upon a Time in the West - Finale - Enio Moricone

Enjoy it
De Philip Scott Johnson, com música de Bach, o movimento Sarabanda da Suite para violoncelo em G maior Yo-Yo Ma.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Quedate






quando dou,


não tomo
multiplico,

somo
amo,

mas não domo
sou fada

e gnomo
quando eu dou,

eu como.

Lilith ~ Silvia Sangirardi


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QUERERES


Onde queres revólver
sou coqueiro
E onde queres dinheiro
sou paixão

Onde queres descanso
sou desejo
E onde sou só desejo
queres não
E onde não queres nada,
nada falta
E onde voas bem alto
eu sou o chão
E onde pisas o chão
minha alma salta
E ganha liberdade
na amplidão


Onde queres o ato
eu sou espírito
E onde queres ternura
eu sou tesão
Onde queres o livre
decassílabo
E onde buscas o anjo
sou mulher
Onde queres prazer
sou o que dói
E onde queres tortura,
mansidão

Onde queres um lar,
revolução
E onde queres bandido
sou herói

Eu queria querer-te
e amar o amor
Construir-nos
dulcíssima prisão

Encontrar a mais justa
adequação
Tudo métrica e rima
e nunca dor

Mas a vida é real
e de viés
E vê só que cilada
o amor me armou


Eu te quero
(e não queres)
como sou

Não te quero
(e não queres)
como és

O quereres e o estares
sempre a fim
Do que em mim
é de mim tão desigual
Faz-me querer-te bem,
querer-te mal
Bem a ti,
mal ao quereres
assim
Infinitivamente
pessoal
E eu querendo
querer-te
sem ter fim
E querendo-te
aprender o total


Do querer que há
e do que não há
em mim"



Caetano Veloso

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Eu simplesmente adoro
coisas arrebatadoras,
amores impossíveis,
certezas incertas,
histórias avassaladoras,
sininhos no ouvido,
frio na espinha,
mãos sem lugar,
beijos mágicos,
reconhecimento inesperado,
trabalhos infindáveis,
olhares faiscantes,
taquicardia,
pés sem chão,
caminhar nas nuvens,
lábios com batom,
pisar em ovos,
futuro atrás da porta



E VOCÊ?
Adora o que?

antoniocarlos
2o1o
junho



Música: Quedate - Laura Fabian

terça-feira, 22 de junho de 2010

LOVE BY GRACE








De que adianta falar de motivos, às vezes basta um só, às vezes nem juntando todos
José Saramago

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QUERIA

chamar-me Doroty,

com ipsilon

e morando em hotel,

na companhia de marido bêbado

que nem eu.


Queria que à minha chegada

todos levantassem,

cagados de medo das farpas

que trago na língua.

Queria mudar o mundo

em duas sentenças

e uma oração.


Queria que os fanáticos

vomitassem deus

à sua semelhança.


Queria uma família

menos estúpida e

menos família

em qualquer parte.


Queria perder

o respeito,

estribeiras,

elegância :

Cinderela pelo avesso.


Queria mentir

descaradamente

a uma boa mulher honesta.


Queria jamais

ser mulher

boa e honesta.

Queria enfiar

foguetes

no cu dos prepotentes.

Queria sair

pra comprar cigarros

e errar de vez.


Queria que entendessem

que também sou

o que não dou

Queria esquecer

dos olvidados

e dormir com isso.

Queria todos

os amantes do mundo

e nenhuma

vergonha na cara.

Queria deitar

com um

e acordar

com tudo.

Queria devorar

a gênese

e não arcar

com as conseqüências.

Queria cuspir

pela janela

e acertar na testa

dos imbecis.

Queria escrever

mais e melhor

pra enganar menos

e mandar

todos os superlativos

às favas.


Contadas.


Queria um trouxa

pra me carregar

no colo

e uma trouxa

pra partir
imediatamente.

Queria um adjetivo

que prestasse

e uma verdade

que bastasse.

Queria escancarar

todas as portas

sem parecer traição.

Queria rir por último.


Queria acreditar

que o que me falta

é homem.

Queria acreditar.


Queria olhar um mapa

e saber onde estou

pra onde vou ,

por que.

Queria aplicar contos

e jogar meus valores

na bolsa.

Queria transgredir

todos os mandamentos,

sem fundamento.

Queria poder

olhar pra trás

e esculpir

meus erros em sal.

Queria foder

com os pobres

de espírito

tanto quanto eles

comigo.

Queria que houvesse

uma boa razão

pra razão

ser tão importante.

Queria gostar

da terra e dos animais

e me contentar com isso.

Queria ter 15 anos

e um futuro inútil

pela frente.

Queria não ter

um mundo ignóbil

pelas costas.


Queria não dar bola

pra emprego,

rasgar dinheiro,

fazer escândalo

por ninharia,

botar pra quebrar.


Queria menos avestruzes

à minha volta

e um passarinho

pra soltar.

Queria perder

os sentidos

sem risco

de encontrá-los novamente.

Queria desmaiar

de emoção.


Morrer de tesão.


Viver pelo sempre.

Queria um beijo grátis.

Queria que a verdade

não fosse o que é ,

eu não fosse

o que sou,
revogadas

todas as disposições

em contrário.

Queria gostar

do que vejo,

sem necessidade

de quebrar o espelho.


Queria ser outra, outro,

qualquer coisa que valha,

no mínimo, à pena.


Queria que dor

não fosse substância

que se imprime

por dentro.



Queria ser artista,

não cronista.



Queria...

Clarice Muller

5 minutos no primeiro beijo

sabes o quanto é bom beijar

e todos os outros beijos,

nem é bom contar

e eu,

queria apenas você,

antes que julho

viesse...

Charles Olivier
2010





Música : LOVE BY GRACE - LAURA FABIAN