sexta-feira, 12 de março de 2010

40 GRÁUS DE FÉ...bre





40 GRÁUS DE FÉ...bre



Pura?
Que vem a ser isso?

As línguas do inferno
são baças,
baças como as tríplices
línguas do apático,
gordo Cérbero
que arqueja junto à entrada.

Incapaz
de lamber limpamente
o febril tendão,
o pecado, o pecado.

Crepita a chama.

O indelével aroma
de espevitada vela!

Amor, amor,
escassa a fumaça
rola de mim
como a echarpe de Isadora,
e temo
que uma das bandas
venha a prender-se na roda.

A amarela
e morosa fumaça
faz o seu próprio elemento.

Não irá alto
mas rolará em redor do globo
a asfixiar o idoso e o humilde,

O frágil
e delicado bebê no seu berço,
a lívida orquídea
suspensa do seu jardim suspenso no ar,
diabólico leopardo!

A radiação faz
que ela embranqueça
e a extingue em uma hora.

Engordurar os corpos
dos adúlteros
tal qual as cinzas de Hiroshima
e corroê-los.

O pecado.
O pecado.

Querido, a noite inteira
eu passei oscilando,

morta, viva,
morta, viva.

Os lençóis opressivos
como beijos de um devasso.

Três dias.

Três noites.
água de limão, canja
aguada, enjoa-me.

Sou por demais pura
para ti ou para alguém.

Teu corpo
magoa-me
como o mundo magoa Deus.

Sou uma lanterna —

minha cabeça uma lua
de papel japonês,

minha pele de ouro laminado
infinitamente delicada

e infinitamente dispendiosa.

Não te assombra
meu coração.

E minha luz.

Eu sou, toda eu,
uma enorme camélia
esbraseada e a ir e vir,
em rubros jorros.

Creio que vou subir,

Creio que posso ir bem alto —

As contas de metal ardente
voam, e eu, amor, eu
sou uma virgem pura
de acetileno
acompanhada de rosas,
de beijos, de querubins,
do que venham a ser
essas coisas rosadas.

Não tu, nem ele
Não ele, nem ele

(Eu toda a dissolver-me,
anágua de puta velha) —
ao Paraíso.

Sylvia Plath

~~~~~~~~~~~~~~~


Tocou a campainha.
Corri para abrir a porta...
Era ela, a tanto tempo aguardada.
Deslumbrante no vestido em jersey vermelho brilhante, costas totalmente de fora, fente única, amarrado na nuca, que descia modelando o corpo bonito até os quadris e depois num evasé plissado tomava a forma de um pagode chinês...
Que balançava graciosa e convidativamente ao compasso dos passos em salto alto.

Passou por mim, sem dizer nada.
Foi até o centro da sala, deixando atrás o cheiro do perfume, ergueu os braços e desamarrou o nó que prendia o vestido atrás do pescoço...
O jérsey escorregou suave pelo corpo totalmente nú, formando um ninho rubro junto aos pés no chão...
Linda!
Então ergueu os braços pra mim e disse:

- Vem querido, toma da plenitude desta femea e inaugura esta mulher que cansou de ser estátua...

Acordei...


E a vida era assim moça bonita.

Neste Março
de 2o1o

antoniocarlos




Música : Carnival of Rust - Poets of the fall - (Gafanhota's Collections)

2 comentários:

  1. Tres días muriendo y resucitando sin solución de continuidad?? o sea sin interrupciones???
    Assim nao ha corpitcho febril que aguante!!!
    ahahahahahahahahaha!
    Nadie llamó a emergencias?? Nadie aplicó un antitérmico oral, intramuscular o mejor aún endovenoso??? rsS!
    Imagino esas sábanas/lençois incandescentes...después tres días y sus respectivas noches maratónicas a pura antorcha febril!!! rsS!
    Literalmente...clima de caldera!! rsS!

    Tony, mi mejor consejo para tu deseo...
    es que antes de tomar el vino pasional...tomes todos los recaudos posibles...rsS!
    El riesgo de ahogamiento es grande...ese ombligo más que una taza...parece un tonel sin fondo!
    huasahushasahashuashuashuahshuahsas!!!

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  2. Para essa febre eu recomendaria também um chazinho de pétalas de rosa.
    Acalma qualquer santo, anjo lascivo ou demônio banido.
    Aplaca o fogo do corpo e a febre da alma (ou seria o contrário?).
    Deve ser servido quente e tomado não importa o recipiente.

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