Saudade

"Ouvi dizer que o tempo apaga lembranças amargas que a vida nos traz"


Não sei porque me lembrei desta música, que meu pai cantava quando eu era criança.
Todas as noites, depois que chegava do trabalho, beijava, abraçava e falava com todos nós (tres irmãos) e depois de brigar com minha mãe, ( eles sempre discutiam por qualquer coisa ) ele ia para o barracão que ficava nos fundos do quintal, cuidar dos galos de briga e enquanto fazia isso a gente de dentro de casa podia ouvir ele cantando e assoviando muitas músicas que tenho guardado na lembrança até hoje.
Sempre foi um apaixonado por brigas de galo e galos de briga, criava as galinhas que chocavam os ovos e depois ia acompanhando o desenvolvimento dos pintinhos, que depois de um mes já estavam se digladiando uns com os outros ( era da raça ) o que obrigava a mante-los separados em gaiolas que pareciam apartamentos..rsrs, com agua e comida, pois soltos se matavam.
Depois de crescidos eram colocados pra brigar sob supervisão do velho.
Os mais combativos passavam a receber atenção maior dali pra frente.
Os mais fracos eram destinados para a panela.
Coisa boa era comer aqueles galos e galinhas indios, levavam mais de uma hora de panela de pressão, pois tinham carne escura e muito consistente e sempre cozidos com molho e comidos acompanhado de uma boa polenta mole.
Foi com meu pai, que viajei por muitos lugares ainda pequeno, acompanhando-o nos torneios de brigas de galos, que eram realizados em Minas gerais e Rio de janeiro, uma vez que em São Paulo, havia um decreto do então governador Janio Quadros proibindo tal evento.
O que muita gente boa não sabe, incluindo ai, os ecologistas, ONGS de Preservação de animais, é que com a proibição das rinhas de galos de briga em todo Brasil hoje, esta raça vai acabar extinta em pouco tempo. É importante salientar que é da raça, o combate, pois isso é genético, vem do berço. Como eu mencionei anteiormente, mesmo os pintinhos assim que trocavam penas, começavam a brigar entre eles, e se deixados soltos chegavam a se matar. Esta beligerancia era comum também entre as galinhas. De pequeno vi muita galinha MARRENTA que dava pau em galo bom de briga...rsrs

Bons tempos...
Saudades do seu Afonso, dos seus galos e das longas jornadas pelo mundo naquele bom e confiável jipe cor de abóbora.

A música de que falo, é da mesma época de outra que tem o mais belo verso da música brasileira : “Tu pisavas nos astros distraída…”

Então é isso moça bonita que pisa nos astros distraída, ano novo e eu aqui falando de saudades e de paixões antigas, como a minha por você.

1/2 beijo sabor de....NOVO!

EU

Moça Bonita, tenha cuidado, porque um dos pontos desagradáveis de brigar com porco na lama é que o porco gosta.






Guarania Da Lua Nova - Luiz Vieira


Ouvi dizer que o tempo apaga
Lembranças amargas
Que a vida nos traz

Há muito que estou esperando
O tempo passando
E não encontro paz.

Será que o tempo não tem tempo
De olhar meus olhos tristes de chorar
E as cicatrizes do desgosto
Que trago em meu rosto
De tanto esperar

Saudade,
Bichinha danada
Que em mim fez morada
E não quer se mudar,

Tem gosto de jiló verdinho
Plantado na lua nova do penar

O tempo vai passando
E eu vejo o desejo
Da reconciliação

Meu medo é não saber se ela
Traz no peito a lua nova
Do perdão..


Música : SILVIO SILVA - Guarania da lua nova - Luiz Vieira